22/01/2018

Porquê? Porquê???

Ao telefone...

- Boa tarde! Eu queria marcar uma consulta com a Dra Joana.
- A Dra Joana está de bebé.
- Ah... Então como faço?
- Posso marcar... Mas vai apanhar outro médico.

(Ainda não marcou nada! Mas já está a indicar que me vai fazer esse favor... Apesar de esta ser a sua função. Apesar de estar no seu horário de trabalho)

- Tudo bem! Não há problema! Pode marcar.
- O seu número de utente não pertence à Dra Joana. Tem de ligar para outro número.
(Atenção! Deparou-se com uma pedra no caminho do seu dia de trabalho, no meio das suas funções! Não há qualquer abertura para resolver o problema. Passa logo para outro número!)
- Impossível! A Dra é minha médica há 3 anos!!! Ainda em Setembro aí estive! Veja melhor por favor.
- Minha senhora! (Ai que vou apanhar!!!) Estou-lhe a dizer que a senhora não nos pertence. Não está o seu número na Dra Joana. Vai ter de ir a outro lado.
- Não está a perceber! A Dra Joana é minha médica. Eu não vou aí há 4 meses! Não estamos a falar de 4 anos! Eu preciso de uma consulta! A senhora não está a colaborar. Como é que vamos fazer?
- Olhe... (toda a gente sabe que “Olhe...” é a forma mais correcta e pró-activa de começar uma frase!) Dê-me o seu número. Vou ver o que consigo fazer!

Foi aqui! Foi neste momento que eu soube que ela se estava a cagar para mim. Que me pediu o numero só porque já não me podia ouvir. Não lhe interessou minimamente se eu estava a marcar uma consulta porque tinha uma borbulha na testa ou porque estava com sintomas de estar a falecer. Apesar de eu lhe ter ligado durante o seu horário de trabalho e ter pedido nada mais, nada menos do que algo que faz parte das suas funções. Ela é paga para isso! Mas cagou!

Claro que passaram 3 dias e não me ligou de volta. Mas isso eu já sabia que ia acontecer. Desloquei-me pessoalmente ao meu Centro de Saúde para fazer algo que podia ser feito por telefone. Aliás, estamos em 2018! Eu deveria era poder fazer isto numa aplicação. Mas não! Tenho de me deslocar lá para resolver aquilo que uma pessoa que está de mal com a vida não me quer ajudar a resolver.

Tirei a minha senha e aguardei. Fui analisando o tom das senhoras para tentar perceber quem tinha sido a lesma-passivo-inerte que tinha falado comigo ao telefone. O tom era muito semelhante entre as duas.

- Bom dia! Eu liguei para cá na semana passada. Blá blá! Ficaram de me ligar e ninguém ligou!
- Ah pois... É porque a senhora não nos pertence! Vai ter de ir a outro sítio.
- Ah! Então foi consigo que eu falei ao telefone.
- Não... Mas...
- Foi sim! Estou a reconhecer-lhe esse tom altamente motivado e pró-activo a querer resolver o meu problema.
- O problema é que o número da senhora não aparece. A senhora não nos pertence!
- Então eu vou explicar-lhe! Eu sou vossa utente desde que me lembro!!! A Dra Joana é minha médica há 3 anos!!!!!!! A última vez que eu estive cá foi em setembro!!!! Eu preciso de uma consulta!!! Ou a senhora admite que estamos perante um bug do sistema e vai resolver o meu problema, ou se me volta a dizer que eu não vos pertenço e que, portanto, estou maluca, eu vou ter de falar com o seu chefe para me ajudar!
- Mas eu não disse que a senhora era maluca! Só disse que não nos pertence!
(Aqui eu já me imaginava de pé em cima da mesa dela a arrancar-lhe os caracóis da mise e a berrar que nem uma louca! Eu! Não ela!)
- Está a chamar-me maluca sim!!!!! Se eu já lhe expliquei o que tinha para explicar! Faça alguma coisa se faz favor! Eu não vou sair daqui sem uma consulta marcada e sem o meu problema resolvido!!!!!

Lá se dignou a levantar-se...
Lá se dignou a arrastar-se até ao guichet da colega...

Claro que, em vez de dizer “ajuda-me a resolver o problema desta senhora” disse “Esta senhora não nos pertence mas insiste que é paciente da Dra Joana”! Em vez de lhe atirar com uma cadeira à cabeça, limitei-me a revirar os olhos e a rezar por ela!
- Meu Deus, porque sois tão bom! Faz com que estas pequenas criaturas da terra ganhem só mais dois neuronios por favor!

Em 5 minutos a colega resolveu o meu problema. Em 5 minutos a colega percebeu que tinha sido um erro do sistema. Em 5 minutos a colega explicou-lhe porque tinha acontecido e como dar a volta ao erro.

Em 5 minutos ela voltou a sentar-se à minha frente. Nem um pedido de desculpa. Nem uma explicação.

- A consulta é urgente? Quer marcar para quando?
- Não precisa ser para hoje, mas logo que for possível!
- Ok! Está marcada!
- Vou dar-lhe um conselho para a senhora usar para a vida!!! Os problemas só são resolvidos quando temos vontade de os resolver. Tudo na vida funciona assim!!! O “Oh Paciência!” da muito menos trabalho! Mas não nos leva a lado nenhum! Tenha um bom dia!

5 comentários:

Anónimo disse...

Oh, centros de saúde... (ou tem tudo formações no mesmo sitio ou então não sei):
Vou dar o exemplo:
No inicio de janeiro o meu namorido foi operado a um joelho, ficou de baixa, mas houve um contratempo em Fev/Março em que ele teve que efazer uma interrupção da baixa por uma semana e aí é que houve problema, não por nós, e isto porque como ele é segurança, teve que revalidar o seu cartão (que é obrigatório e não há forma de contornar pela lei, ou fazes ou não fazes e ficas sem cartão, logo sem actividade profissional, a única forma de contornar é se morreres, mas isso ainda dava pano para mangas), de muletas lá foi. EU, que não trabalho no centro de saúde, EU que não percebo nada do seu funcionamento, lá usei o neurónio e tratei de tudo. Fiz a interrupção da baixa, já tinha novo papel do ortopedista para uma nova baixa e o que o centro de saúde tinha que fazer? hum? uma nova baixa a partir daquele dia. dificil? mesmo a fazer vários desenhos para a pessoa perceber, claro, um caos!
Em resumo, ele teve 4 meses sem receber da segurança social, apesar de todos os meses irmos ao centro de saúde, tentar resolver o problema. Havia alguma abertura? Não (só de voltar a ouvir a superioridade da senhora, mexe logo com o meu sistema nervoso e começa-me logo a tremer o olho). Resumindo novamente, finalmente conseguimos uma reunião na Segurança Social para mostrar todas as baixas e toda a documentação envolvente (calhou-nos uma excelente pessoa e atenção não é ironia) que percebeu a questão e tratou de tudo em menos de nada. para depois nos dizer que as últimas baixas estavam a ser passadas em nome dele, mas com o NISS da mãe dele (que já não faz parte do núcleo a alguns anos). P.S. sempre que lá tenho que ir, tenho sempre que tomar calmantes, ou então vinho ;)
Suse Sousa

Anónimo disse...

O comportamento é de lamentar, sim. Mas queria só aproveitar para lhe dizer que já pode marcar online consulta (app my sns) ou ligar para o SNS 24 (808 24 24 24) que eles marcam.

Anónimo disse...

Boa tarde, Kiki. Não sei no centro de saúde da sua zona mas aqui no norte temos o "Portal SNS" e consigo marcar consultas. Boa sorte

Majo disse...

"- Meu Deus, porque sois tão bom! Faz com que estas pequenas criaturas da terra ganhem só mais dois neuronios por favor!"
Só por esta já ganhei o dia, ri-me como uma perdida e o maridão ao meu lado a olhar para mim como se eu fosse maluca! :D
Ri-me mas revi-me na situação... a tentar explicar a uma ameba (que me perdoem as amebas pela comparação!) aqui em França nas Finanças que o meu nome de casada é "Marques" e não "Catarino Marques" como o meu marido, porque, dizia a criatura, 'aqui em França nós usamos os nomes do marido'. E eu a explicar que era portuguesa, tinha casado em Portugal e que só tinha adotado um dos nomes do meu marido (isto com a certidão de casamento traduzida na mão). E a ameba continuou a "balbuciar" o mesmo e eu não consegui corrigir o meu nome. Enfim... falta de neurónios!!! :D

marta disse...

Já é possível marcar consulta online, para todo o agregado familiar ;)