25/12/2018

Amanhã vai saber-me bem! Hoje ainda não!

É dia 25 de Dezembro. Volto para casa com as mãos vazias. Para uma casa vazia. 

No quarto deles ainda há roupa do Natal atirada para cima da cama à espera que eu cuide dela. Brinquedos espalhados pelo quarto, da manhã que passaram a brincar com eles pela primeira vez, antes de sairmos de casa apressados para irmos para o almoço de Natal. 

À noite, depois de quase 48 horas numa azáfama cheia de Natal e de vida, só está a casa. E o cão. E eu! 

Há 6 anos que é assim. E desde o Natal passado que eu sabia que hoje ia voltar a ser assim. 

O Pai veio buscá-los para uns dias de mimo, de brincadeiras, de tempo só deles. E eles foram tão felizes! E eu gosto tanto disso! 

Mas os anos passam e eu não me habituo. A isto! Ao 25 de Dezembro de mãos vazias. No Verão não custa tanto... É o Inverno! Este maldito inverno que me dá a volta. 

Amanhã já estou bem! Amanhã já encarnei o meu papel na minha vidinha pacata de solteira. 

Amanhã vai saber-me bem chegar a casa sozinha. Amanhã vai saber-me bem ter a televisão só para mim. Amanhã vai saber-me bem receber as fotografias deles nas suas brincadeiras. Amanha vai saber-me bem não ter obrigações. Amanhã vai saber-me bem ter silêncio. 


Hoje não! Hoje o silêncio é ensurdecedor. Hoje o vazio é arrebatador. Hoje não... 

14/12/2018

Devia ser obrigatório as madrastas substituírem as mães

Quem diz que as madrastas não substituem as mães, está a mentir. 

As madrastas substituem sim! E se não substituem, deviam fazê-lo! 

O tempo das madrastas más ficou na era da Cinderela. Hoje em dia as madrastas são porreiras. As madrastas são fixes. Muitas vezes, mais fixes que as mães. 

É importante que as mães entendam que os filhos adoram as mães incondicionalmente tal como as mães fazem com eles. Assim que as mães conseguirem fazer este exercício, vão ter segurança suficiente para entender que as madrastas não ocuparão nunca o seu lugar. O coração das crianças é muito maior que o dos adultos e por isso tem espaço para todas as pessoas de quem gostam. 

Assim que as mães entenderem que as madrastas não estão em competição com o lugar no coração dos filhos, as mães vão pedir por favor para as madrastas as substituírem. 

Mas porque é que as mães deveriam querer uma coisa destas? 

Substituir significa estar no lugar de. Se pensarmos que as madrastas só estão com os nossos filhos quando nós não estamos, percebemos que sermos substituídas por elas é bom. 

Quando nós não estamos, é bom sabermos que há uma figura materna (feminina se preferirem) a dar-lhes mimo quando se magoam. É bom sabermos que essa pessoa lhes vai pedir que comam a sopa até ao fim, que tomem banho, que verifiquem se lavaram bem os dentes. É bom sabermos que eles têm alguém que lhes tire a dúvida do trabalho de matemática, que os obrigue a vestir o casaco para irem à rua ou que os ajude a secar o cabelo. É bom sabermos que está lá uma pessoa que se vai sentar no sofá a ver um filme com eles, que lhes vai apertar o capacete da bicicleta e que lhes vai dar um lenço para assoar o nariz. Provavelmente vai ter mais paciência para jogar monopólio com eles porque é possível que esteja menos vezes com eles também. É bom saber que está alguém com eles que sabe como gostam do pão ao pequeno-almoço ou que não querem azeitonas na pizza. Que vai controlar os horários da cama e que lhes vai dar um beijo de boa noite e dizer-lhes para terem bons sonhos.

Mas o pai não é capaz de fazer o mesmo? Claro que é! Óbvio que é! E faz! Mas se a madrasta lá está, queremos que ela o faça também. Queremos que seja a madrasta porreira e fixe (muitas vezes mais fixe que a mãe) e não a madrasta da Cinderela. 

Por isso, sim! Devia ser obrigatório as madrastas substituírem as mães! 

Devia ser obrigatório as mães darem esse espaço às madrastas. 


Devia ser obrigatório os filhos sentirem que podem gostar das madrastas (quase) tanto quanto gostam das mães. Ou pelo menos entenderem que as mães não vão ficar melindradas por eles gostarem delas tanto quanto elas couberem nos seus corações. Mas isso já é responsabilidade das mães. Não é das madrastas. Nem dos filhos. 

13/12/2018

Crise dos 40 antes dos 40

O fim do ano é sempre época de balanços. Fazer a revista a tudo o que fizemos, ao que ficou por fazer. Refazer a lista de objectivos. A vida ensinou-me a não traçar objectivos muito altos. É preferível traçá-los exequíveis. Por isso fui deixando de ser tão exigente comigo própria. Prefiro atingir alguns a frustrar pelo caminho. 

Este último ano tem sido duro a nível de análise. Acho que a crise dos 40 chegou adiantada. Tenho pensado muito onde cheguei e revisto o caminho que fiz. 

Quando disse ao meu pai que queria ser Educadora (em vez de tirar o curso de gestão que ele ambicionava para mim) ele perguntou-me se eu queria ser pobre... Eu respondi que queria ser feliz! 

Hoje constato que nem sempre é fácil ser feliz! Muito menos num país onde a nossa profissão é tão desvalorizada... (Quase me mudei para a Tailândia quando o meu irmão me disse que lá eu podia receber 3 vezes mais do que recebo aqui.) 

Custa-me pensar assim porque tenho a sensação de passar por ingrata tendo em conta tudo o que já alcancei até aqui. Mas custa-me não poder ter uma vida sem sobressaltos. Sem jiga-jogas constantes para tapar buracos. Sem deitar a cabeça na almofada descansada e poder dormir tendo a certeza que teremos tudo o que precisarmos sempre que precisarmos. 

Na verdade não vai faltando nada. Mas só não falta porque eu me tornei uma acrobata olímpica que estica os braços em todas as direções e vai fazendo ultrapassagens perigosas quando vê um camião ao fundo em sentido contrário. 

Se calhar podia ter vivido mais descansada e menos feliz. Nunca vou saber. Os “ses” nunca têm resposta e pensar muito neles nunca foi solução. 

Sou muito feliz com o que faço e com o que tenho. Mas se pudesse ser feliz descansada era muito menos desgastante. 


Para 2019 não peço milagres. Dormir sem sobressaltos  já era suficiente! 

12/12/2018

A Magia de Natal acontece mesmo!

Com a Huawei, o Natal vai mesmo chegar a todos.

Depois de dar provas que a inteligência artificial (que tanto nos tem deslumbrado nesta marca) veio para ficar, chegou a vez de por essa mesma inteligência a fazer algo grandioso.

Neste Natal, a Huawei apresenta uma nova aplicação que vai trazer magia junto de famílias muito especiais. Estamos a falar da Story Sign que a mim, enquanto Educadora de Infância e Mãe, me tocou especialmente.

Esta aplicação tem a capacidade de ler histórias infantis em directo (bastando apontar o telefone para o livro) e uma simpática (e fofinha) avatar faz os gestos em língua gestual para que a criança entenda a história.

O momento de ler uma história na hora de dormir vai ganhar uma nova magia graças à Huawei e à Story Sign.

Obrigada Huawei por provares que a inteligência artificial veio mesmo para nos ajudar e não é tão assustadora como vemos nos filmes de ficção cientifica.

Querem mesmo ver como funciona?

Não percam este vídeo delicioso!




17/10/2018

Esta fase soberba!

Quando sempre quis ter filhos, não fazia a menor ideia do que isso significava ou implicava.
Eu não queria ter filhos! Eu queria ter bebés. Daqueles fofinhos! Bonitos! Que riam, usavam folhos, cheiravam a Mustela e dormiam a noite toda.

Ninguém nos informa que não é nada disso que vem no pacote!

Só agora entendo que o melhor dos filhos vem depois de eles deixarem de ser bebés. Só depois entendi que a maternidade é melhor e melhor à medida que o tempo passa.

Quando fiquei sozinha com eles foi muito complicado e estafante! Eram dois bebés pequenos. Exigiam todos os cuidados e atenção que uma criança pequena precisa. Um deles [meu pequeno ogre] ainda acordava 7 vezes por noite.

Durante muito tempo senti-me uma escrava dos filhos. Sozinha e sem ajuda. A ter de cuidar de tudo e de  chegar a todo o lado.

À medida que o tempo passa e eles vão ganhando autonomia, também vão crescendo a nível de maturidade. Vão-se tornando pessoas em ponto pequeno. Conversam! Fazem companhia! É delicioso.

Mas o que eu descobri com o tempo (e até me sinto mal por estar a vibrar com isto) é que a autonomia deles foi das coisas melhores que me aconteceu!!!

Começarem a tomar banho sozinhos, a arrumar o quarto sozinhos, a tratar das coisas deles sozinhos e a fazer pequenas tarefas domésticas sozinhos, permitiu-me aumentar significativamente o meu tempo de qualidade com eles. Desde que distribuímos tarefas entre os três, ficámos com mais tempo para estarmos os três. E isso é maravilhoso!!!

Hoje chegámos a casa ao fim do dia (já frio e chuvoso), cansados e moles e eu peguei no Darcy para ir passear com ele. Mandei-os para o quarto.

- Mãe, precisa de alguma coisa?

Confesso que me senti comovida com o cuidado da pergunta dela. Logo de seguida senti-me uma oportunista!

- Podem ir pondo a mesa! A máquina está com loiça lavada. Podem tirar de lá coisas e arrumar o resto nos armários.

Fui passear o cão com outro ânimo. Mesmo com a chuva que caía. Primeiro senti-me mal... Mas depois percebi que eles tinham de assumir estas responsabilidades. E que eu também merecia que me ajudassem.

No fundo os filhos até são um investimento!!! 10 anos depois, se não tivermos empregada, eles fazem grande parte do trabalho doméstico.

Agora só me falta ensinar-lhes a usar a máquina da roupa! Dizer onde guardo os produtos de limpeza e escolher uma boa revista para ver no sofá enquanto eles ganham autonomia absoluta!!!

Estou doida que tirem a carta para poder mandá-los ao supermercado...

12/10/2018

Coração de mãe é elástico!

Todos os dias pomos à prova a elasticidade do nosso coração de mãe. Basta ver a quantidade de vezes por dia que passamos de cordeirinho cor de rosa, macio e cheio de luz até ogre esventrado com todas as forças do mal a saírem pelos poros e voltamos a cordeirinho rosinha logo a seguir!

Felizmente não testamos a elasticidade do nosso coração até ao extremo todos os dias!

Faço este post em jeito de alerta. Provavelmente um alerta básico! Mas ainda assim, não custa lembrar.

Sou aquela pessoa que, quando está sem os filhos por perto, tem sempre o telefone com som. Que nunca deixa de atender nenhum telefonema porque não sabemos quando vai ser o telefonema que devemos mesmo atender.

Até ao dia em que não atendi. Aquele dia em que estava a trabalhar. Descansada porque eles estavam no colégio e, por isso, em segurança e entregues. O dia em que vi um número que não conhecia e por estar a tirar os meus alunos da sesta (um momento alto da rotina diária) não atendi!

- Hum.. Agora não consigo! Liguem mais tarde!

Pensei eu na minha maior tranquilidade! (Facadas no coração!) Passados uns minutos liga-me o pai dos meus filhos. Estranhei ligar-me àquela hora...

O meu coração estilhaçou-se quando ouço dizer: “Estou a caminho do hospital! O Vicente bateu com a cabeça e está a ir de ambulância!”

Deixei de ver! Deixei de ouvir! O meu estado estava de tal forma alterado que fui buscar a minha carteira, agarrei nas chaves do carro e numa tesoura... Uma tesoura...

Pus os 4 piscas e voei! Não me lembro do caminho! Só me lembro de ir a rezar o tempo todo! Não fazia ideia do que tinha acontecido nem do estado em que ele estava. Apenas sabia, enquanto Educadora, que, para não terem esperado por nós na escola e o terem mandado de ambulância, não era bom sinal.

Consegui chegar antes da ambulância ao hospital e o meu coração voltou a parar quando vejo uma ambulância do INEM e não uma ambulância dos bombeiros...

Ele estava consciente e não havia sangue! Soube então que tinha caído a jogar futebol e que tinha vomitado.

Os momentos seguintes foram de pânico. Ele balbuciava em vez de falar e os olhos dele reviravam enquanto ele deixava cair a cabeça. Sabia que estávamos no sítio certo! Mas não sabia o que esperar... E não saber o que esperar quando vemos um filho assim é a pior sensação do Mundo!

Felizmente o pai estava lá também e conseguiu manter a calma! A dele e a minha. Enquanto eu, nervosa, angustiada e dorida não parava de lhe fazer festinhas, rezava para dentro e tentava controlar as lágrimas, o pai esteve sempre à frente dele a tentar mantê-lo calmo e acordado.

- Vicente.. Diz ao pai quantos dedos estão aqui! - perguntou ele com 4 dedos espetados..
- Se..... te.....

O meu coração mirrava a cada segundo que passava...

O médico chegou, fez-lhe algumas perguntas, ele respondeu com bastante dificuldade...
Quando o levantou para ver se era capaz de andar, ele caiu no chão a vomitar novamente!

Seguiu imediatamente para o SO e para o TAC.

A incerteza... Sempre a incerteza de como ele estaria e o que iria acontecer a esmagar-nos o coração cada vez mais estrangulado...

Felizmente o TAC estava bem... Seguiram-se 8h a soro. Deixaram-no dormir. Dormiu horas seguidas... Volta e meia acordava! Ia melhorando de cada vez que acordava mas sempre muito confuso!

Às 23:00, como por magia, acordou! Novo! Parecia que nada se tinha passado! Piscou o olho à enfermeira e seduziu-a com as suas piadas que o caracterizam! Nem queríamos acreditar!

Conseguiu levantar-se! Conseguiu comer! Conseguiu vestir-se! Espalhou charme pelo SO inteiro e pôs médicas e enfermeiras a rir com o seu sentido de humor.

O meu coração, estralhaçado e pequeno, começou lentamente a voltar ao normal! Só me apetecia abraçá-lo e dar-lhe beijos!!!

- Mãe, não sei se é boa ideia jogar futebol!
- Nem penses!!! Vais voltar a jogar futebol! E eu nunca mais deixo uma chamada por atender!!!


Não posso deixar de registar uma enorme vénia à equipa de urgências e do SO pediátrico do Hospital de Cascais! Desde as enfermeiras (Obrigada enfermeira Carolina!) aos médicos, às auxiliares! Sempre fantásticos, sempre prestáveis, sempre preocupados, sempre meigos e simpáticos. Tanto com o Vicente como connosco, pais!

Mais uma vénia ao meu querido defunto que manteve sempre a calma e agiu como era preciso e soube passar-me tranquilidade nas horas mais aflitivas!

E já agora, um enorme obrigada a todas as pessoas que mandaram tantas mensagens e telefonemas a saber do Vicente!!!

Foi um grande susto que acabou como devia acabar! Bem!

11/10/2018

Vais amar-te e respeitar-te: O que é que eu lhe respondo?

Hoje é dia de iniciar mais uma crónica com questões enviadas por vocês.

O título da crónica é retirado do título do meu livro, precisamente porque aborda o assunto do Divórcio. Vais amar-te e respeitar-te.

Depois do divórcio é normal que surjam novas relações. Muito possivelmente já não estavas habituada a este tipo de conversa e ao princípio vais estranhar. É um misto de borboletas no estômago com a ansiedade de dizer a coisa certa na hora certa. No fundo o que procuras é agradar. E está certo! É bom agradarmos a outra pessoa. Mas até que ponto devemos pensar as coisas que queremos que agradem? É suposto criar ansiedade?

“O que é que lhe respondo?”
Perguntou-me ela depois de me mostrar uma mensagem que recebeu dele.

Eu, que sempre fui uma pessoa impulsiva e com o coração na boca, que nunca deixei nada por dizer, percebi logo que ali não havia nada para dizer.

Com o tempo, com a maturidade, com a experiência, vamos percebendo que é importante definirmos na nossa cabeça que tipo de relação queremos para nós. Vamos ganhando segurança. Mais importante que isso, vamos ganhando segurança nas nossas escolhas. Depois disso já não pensamos no que responder, respondemos o que nos apetece. Independentemente de agradar ao outro lado ou não. Se agradar, melhor! Se não agradar, azar! É porque não era para perder tempo ali.

Nós somos demasiado complicadas. Tentamos interpretar todas as palavras que eles escrevem, inclusive a pontuação. Achamos que eles são como nós e que cada uma daquelas palavras e daquelas vírgulas foram pensadas ao detalhe para nos passar determinada mensagem. A regra é: ler o que lá está! Eles não vão muito mais para além disso!!! Não é por serem menores, é porque descomplicam. Não perdem tempo!

Também é importante tirarmos as expectativas da nossa cabeça. São elas que nos lixam os planos. Achamos que eles vão reagir de determinada forma a determinados sinais. Fantasiamos coisas que muitas vezes não existem. Esperamos demasiado. É uma pena! Em vez de aproveitarmos o momento e saborearmos o bom que é essa fase de “interpretar as mensagens”, andamos com a tensão alta preocupadas em agradar, em dar a resposta certa, em ser tudo menos naturais e espontâneas. Se o objectivo é que eles gostem de nós, temos de ser o mais fiéis a nós próprias para não passarmos mensagens erradas.

Quando ele vos mandar uma mensagem, não pensem! Respondam! O que vos apetecer e o que sentirem. Se ele não corresponder, não vale a pena continuar a prolongar algo que não vai resultar. Se calhar estão a concentrar tanta atenção numa coisa que acabam por perder outra que está a passar ao lado!

E depois? Depois deixa andar! O que tiver de ser será!

09/10/2018

Pergunta à Educadora: Qual a idade ideal para entrar na creche?

Tal como prometido, hoje, 3.ª feira, é dia de crónica.

No “Pergunta à Educadora” de hoje vamos responder a uma questão que levanta sempre muitas dúvidas. Afinal de contas, qual a idade ideal para entrar na creche?

Há uma coisa importante que temos de ter em consideração! Quais as nossas possibilidades?

Podemos ficar com o nosso bebé em casa?
Temos uma avó disponível, com genica e cheia de vontade?
Temos uma empregada em casa a tempo inteiro?

Podendo ter o bebé connosco ou com uma avó (que não fica com o neto por obrigação) que tem disponibilidade para brincar e passear com o bebé, a resposta é óbvia! Fujam das creches!

Quanto mais tarde o bebé entrar, melhor! Quanto mais defesas o bebé tiver, melhor! Quando são muito pequeninos, com as defesas ainda em baixo, acabam por apanhar muitas doenças e viroses. Se pudermos proteger o bebé desses bicharocos, melhor!

Por muito cuidado que as educadoras tenham na creche, por muito carinho que lhe dêem, nunca é igual à atenção exclusiva que tem em casa com a mãe ou com a avó. Nunca é igual ao tempo que a mãe ou a avó lhe vão dedicar em exclusivo. Com os mimos no colo, as cantilenas ao ouvido, o olho-no-olho, a sesta em ambiente calmo e a hora da refeição sem outras crianças a chorar e a esperarem pela vez.

Vamos deixar o bebé com uma empregada em casa? Bom... A empregada também terá muito carinho para lhe dar. Mas provavelmente vai deixar o bebé na espreguiçadeira ou no parque para poder cumprir com as suas tarefas domésticas. Continua a ser positivo tendo em conta que o bebé continua com atenção exclusiva nos primeiros meses de vida e longe das viroses. Mas de certeza a senhora não vai ter disponibilidade para se sentar no chão a brincar ou ir ao parque com ele.

Na creche, mesmo em contacto com viroses e a ter de dividir as atenções com outros bebés, o ambiente é adequado ao seu desenvolvimento. A Educadora prepara actividades pedagógicas adaptadas à sua fase de desenvolvimento e o bebé está constantemente a ser estimulado de várias formas. Aprende desde cedo a socializar, é estimulado cognitivamente e ganha rotinas mais rígidas que também são muito importantes.

A partir dos 2 anos acho que será a idade ideal! A criança precisa de socializar com outras crianças e outros adultos de fora da família. Precisa de estímulos que são importantes para as suas aquisições e desenvolvimento e a creche poderá proporcionar isso de forma mais adequada.

O mais importante é desdramatizarmos! Se trabalhamos e não temos outra hipótese senão deixar o nosso bebé com meia dúzia de meses na creche, tudo bem! Ele será muito bem cuidado, receberá muito mimo e terá todas as ferramentas disponíveis para um bom desenvolvimento. O mimo da avó é melhor? Claro! E o da mãe? Sem dúvida! Mas infelizmente, não nos é sempre possível acompanhar os nossos bebés até aos 2 anos em casa.

Por isso, em jeito de conclusão, o ideal será aos dois anos. Se for antes disso por necessidade, tudo bem também!!!

Se o coração da mãe e do pai estiverem descansados com a sua escolha, seja ela qual for, o bebé terá segurança suficiente para ficar bem onde o deixarem!

04/10/2018

São 40 - 3

Normalmente adoro fazer anos. Normalmente não conto sequer os anos a passar. Não me importo de ganhar anos porque gosto de os viver.

Este ano estou com ganas de passar aos 37. Preciso de fechar os 36. Foram 12 meses duros, cheios, alucinantes. Passaram a voar mas custaram muito a passar.

Foi um ano de descontrolo emocional com altos demasiado altos e baixos demasiado (muito) baixos.

Foi um ano que não queria repetir apesar de ter trazido tantas coisas boas. Tenho a sensação que as coisas boas (óptimas) não compensaram as más. É injusto pensar assim. É injusto porque as oportunidades que a vida nos dá, nem sempre merecem ser manchadas com as agruras que por vezes passamos. Mas às vezes é mesmo assim. Nem sempre conseguimos ver só as coisas positivas. Por vezes temos de nos obrigar a fazê-lo! E termos a capacidade de nos obrigarmos a ver coisas positivas é um sinal de que ainda temos algum discernimento.

Gosto de saber que estou cada vez mais perto dos 40. Principalmente por me sentir ainda com 25.




Não espero muito da idade. Espero muito mais da vida! E mesmo assim, espero apenas o essencial. As pequenas coisas, aquelas que nos fazem sorrir. Sorrir, andar, respirar, olhar para a frente.

No outro dia uma amiga perguntava-me...

- E esse coração? Como anda?

Demorei a responder. Eu própria não me fazia essa pergunta há algum tempo. Ando sem tempo para análises. Ou a ocupar o tempo para fugir delas...

- Está em fase de acabamentos! O essencial das obras está feito! Acho que ando só a escolher a cor das cortinas e o papel de parede.

Ainda bem que ela perguntou! Assim pude perceber que está muito melhor do que me lembrava da última vez que olhei para ele.

Venham lá esses 37. Pode ser sem grandes emoções. As pequenas coisas da vida, tranquilas e seguras são suficientes. Se houver surpresas, que sejam das boas.


01/10/2018

E vão 10!

Passaram 10 anos.
Sem que eu sequer me desse conta. Sem sequer que eu alguma vez pensasse chegar até aqui.

Foi há 10 anos que resolvi abrir uma página online. Objectivo? Dar notícias nossas aos amigos que estavam longe sem ter de lhes encher as caixas de e-mail.

Era tão ingénua que não pensava sequer que alguém que eu não conhecesse pudesse sequer cá chegar.

Mas chegaram! E aos poucos chegaram cada vez mais. E aos poucos eu fui escrevendo cada vez menos sobre as nossas novidades e mais sobre tudo.

O gosto pela escrita cresceu! O blog passou por várias fases e acompanhou várias fases nossas.

Hoje, 10 anos depois, não foi só o blog que cresceu! Eu também cresci muito. Foi a vida que pediu! E vocês que assistiram, acompanharam, ajudaram, estiveram desse lado.

Entramos em Outubro com a imagem nova, mas as celebrações não vão ficar por aqui!

Tenho um presente brutal para vocês! (Doida para revelar)

Rúbricas novas, imagem nova, muitas coisas vão acontecer!


Só posso deixar-vos um enorme obrigada! Por tantos likes, comentários e partilhas. A algumas pessoas quero agradecer de forma especial por estarem aqui pertinho há tanto tempo!

É uma honra para mim! Saberem que não desistem de mim e não me deixarem desistir de vocês.

Não sei quanto tempo isto vai continuar. Enquanto me der praze! Cá estaremos. Espero que vocês também.

Um beijo gigante e não saiam daí!

17/09/2018

A Linha do Horizonte

Quando se trabalha em creche e pré-escolar é fácil ter tempo. As metas curriculares existem, mas a forma como atingimos os objectivos é livre. Cada Educadora põe o seu cunho, descobre as suas estratégias e vai fazendo o seu trabalho que é fazer florescer aqueles mini-seres-humanos da forma mais adequada que encontrar.

É fácil parar uma manhã de trabalho para ir espreitar as formigas que apareceram inadvertidamente na nossa janela e aproveitar esse importante acontecimento para contar quantas formigas estão (matemática), descobrir palavras que rimam com formiga ou quantas sílabas cabem naquele nome (leitura e escrita) e, já agora, perceber o que elas andam a fazer e para onde se dirigem (estudo do meio). Ao mesmo tempo explicamos que não devemos matar as formigas e explicamos que todos podemos observar mas cada um tem de esperar pela sua vez (formação pessoal e social). E assim se vai trabalhando com os mais pequenos. Usando a nossa sensibilidade para percebermos quais os momentos que devemos agarrar para tornar as aprendizagens mais ricas e significativas.

Depois as crianças saem para o 1.º Ciclo e tudo muda. Os professores são pressionados pelos exigentes (e completamente desadequados) programas curriculares e tanto eles como as crianças entram em apneia profunda até saírem da faculdade.

Este fim-de-semana estávamos na praia...

- Mãe, sabe como se chama aquela linha entre o mar e o céu?
- Como?
- É a linha do horizonte!
- Uau querido! É mesmo! Onde aprendeste isso?
- Na escola!
- A sério? No ano passado?
- Não! Este ano.
- Estás a ver? Ainda agora começaste e já aprendeste uma coisa importante.
- Sim! Estávamos na aula de matemática e um menino disse à professora que conseguíamos ver o mar pela janela. E a professora disse para irmos todos à janela espreitar e depois ensinou-nos a linha do horizonte.

Fiquei feliz! Fiquei mesmo feliz! Encheu-me o coração saber que o meu filho tem uma professora que, mesmo em apneia (apesar de ainda estarmos no princípio do ano lectivo), pára uma aula de matemática para ensinar na janela da sala o que é uma linha do horizonte.

Era bom que todos os professores dessem as aulas assim, com tempo e sensibilidade para vir à tona daquilo que é significativo para eles, buscar um pouco de ar para aguentarem a apneia dos currículos das aulas.

11/09/2018

Quando tentas odiar uma pessoa que adoras!

Depois de uma discussão (já nem me lembro porquê...) saiu a reação melodramática que a ocasião exigia! Dizem que é saudável os irmãos serem assim e eu tento não me meter porque acho importante eles conseguirem zangar-se e fazerem as pazes entre eles.

- Odeio-te! Quem me dera ser filho único!
- Então se calhar é melhor não falarmos mais.
- Olha! Óptima ideia!!! A partir de hoje não falo mais contigo!!!!!!!!!
- Vamos combinar não falar durante uma semana?
- Não! 5 dias!
- Uma semana!
- Já disse que não! 5 dias!!!
- Está bem então. 5 dias.
- E quem perder?
- Quem perder faz uma massagem ao outro!
- Ok!
- Começamos agora?
- Não! Temos de contar!
- Eu conto até 3!
- Está bem!
- 1, 2, 3!
- Não disseste “agora”!
- Está bem! Vou contar até 3 e dizer “agora”. 1, 2, 3, AGORA!
- Mas já deixámos de nos falar?
- Já! Eu já disse “Agora!”
- Está bem!
...
- Posso só interromper para perguntar uma coisa?
- Diz!
- Quem perder faz uma massagem ao outro, certo?
- Sim! Já tínhamos combinado isso!
- Era só para confirmar.
...
- Hum! Hum, Hum, Hum!
- O quê?
- Hum, Hum, Hum!
- Não estou a perceber nada!
- Eu não posso falar! Era só para saber se queres ver televisão quando chegarmos a casa.
- Ahhhh! Sim! Pode ser!

03/09/2018

Confia!



Este post é especial! É escrito para todos os pais que vão entregar os seus filhos na escola.

Este post é para ti que vais deixar o teu bebé pela primeira vez e tens o coração pequenino e cheio de dúvidas.

Este post é para ti que vais deixar o teu filho numa escola nova pela primeira vez e tens a barriga às voltas com receio do que ele vai sentir.

Este post serve para te abraçar e garantir que tudo vai correr bem!

Quero que saibas que as pessoas que o vão receber estão lá para o abraçar quando ele precisar e para te dar a mão enquanto ele crescer.

Quero que saibas que as pessoas que o vão acolher vão aprender a conhecê-lo e vão saber exactamente o que ele precisa.

Quero que saibas que as pessoas que vão cuidar dele não te vão substituir mas vão complementar-te.

Quero que saibas que o teu filho está prestes a conhecer um Mundo novo. Um Mundo onde vai poder descobrir de que são feitas as coisas, onde vai poder explorar as suas capacidades, onde vai poder conhecer as suas emoções, onde vai poder adquirir as competências necessárias para poder construir-se a si próprio.

Quero que saibas que as pessoas que o vão receber vão precisar que confies nelas porque também vão precisar de confiar em ti.

Quero que saibas que ninguém melhor do que tu conhece o teu filho e que essas pessoas vão adorar passar a conhecê-lo quase tão bem como tu.

Quero que saibas que, quanto mais tranquilidade passares ao teu bebé na hora de o entregar, mais tranquilo ele se vai sentir quando passar para o colo da Educadora ou da Auxiliar.

Quero que saibas que é importante que ele sinta da tua parte que confias nas pessoas a quem o entregas e que isso pode fazer toda a diferença na hora de ires embora.

Quero que saibas que é importante abraçares o teu filho e despedires-te com carinho e sem pressas em vez de saíres de fugida quando ele estiver distraído. Mas também é importante que não prolongues demasiado a despedida e que o faças de forma positiva.

Quero que saibas que é importante ires buscá-lo, sempre que possível, à mesma hora para que ele possa antecipar a hora da tua chegada.

Quero que saibas que o facto de ele não chorar quando fores embora não significa que não goste de ti.

Quero que saibas que o facto de ele chorar quando fores embora não significa que não goste do sítio onde está.

Quero também que saibas que o facto de ele não chorar no primeiro dia, não quer dizer que não chore no segundo ou no terceiro.

Quero que saibas que todas as crianças precisam de um tempo de adaptação e que esse tempo não é igual para todas.

Quero que saibas que o facto de ele chorar nos primeiros dias não quer dizer que vá chorar para sempre.

Quero que saibas que, na maioria das vezes, eles deixam de chorar nos primeiros 60 segundos depois de ires embora e ficam óptimos e felizes o resto do tempo.

Quero que saibas que é normal que ele volte a chorar assim que te vir chegar porque vai lembrar-se da quantidade de saudades que teve tuas durante o dia, mesmo que se tenha divertido imenso.

Quero que saibas que há crianças que têm uma adaptação espectacular e não choram nunca e que o teu filho pode ser um desses.

No fundo, quero que saibas que as pessoas que o vão receber sabem de cor e salteado todos os panoramas possíveis e que estão preparadas para eles.

No fundo, quero que saibas que, no fim, corre sempre bem!

No fundo, no fundo, quero só pedir-te que confies! Quero só dizer-te que nós, Educadoras e Auxiliares, sabemos exactamente que o teu coração fica pequenino nestes dias. Que estamos lá para dar muito amor ao teu filho e para te dar alento sempre que precisares.

Queria só dizer-te uma coisa: Confia!

Vai correr tudo bem!

23/08/2018

Sobre voltar!

Acordámos em casa. Três semanas depois voltámos finalmente ao nosso ninho. Voltámos aos nossos cheiros, aos barulhos da nossa casa. Aos pequenos-almoços na varanda. Às torradas na nossa velha torradeira. Ao nosso sofá.
Não há nada melhor de que sair do nosso espaço. Ver coisas diferentes, conhecer pessoas, sentir algo pela primeira vez. Mas também é bom termos um sítio para onde nos sabe bem voltar.
Devagar regressamos à rotina, preparamo-nos para um novo ano.
Enquanto passo o aspirador no chão, onde ninguém pisou durante três semanas, passo também a revista aos pensamentos. Faço planos, revejo tudo o que aconteceu no último ano.
Há um monte de roupa para arrumar da mesma forma que temos um monte de novos "nós" para por no lugar também.
A mãe muda de ano com os seus bebés, eles mudam de escola, ela muda de ciclo. A vida está em constante mudança e sabe bem voltar a casa para receber e preparar essas mudanças.

Foram umas férias maravilhosas, mas não há nada melhor do que voltar! Mesmo que seja para a velha torradeira e para o sofá com almofadas gastas de tanto colo que nos dão.

17/08/2018

Primeiro estranha-se! Depois entranha-se!





Não sei se alguma vez Fernando Pessoa passou pela Tailândia, mas tenho a certeza que se teria expressado exactamente da mesma forma como se expressou em relação à Coca-cola.

Foi assim que me senti lá! Primeiro estranhei, depois, definitivamente, entranhei.

Nunca tinha estado na Ásia. Provavelmente, uma passagem de 12 dias pela Tailândia, não fará de certo com que eu passe a conhecer a Ásia, mas faz de certeza com que queira mais e mais.

Parti sem grandes expectativas. Esperava muita confusão, comidas estranhas, pessoas diferentes. Foi de facto o que encontrei, mas não foi, nem de perto, tudo o que encontrei.

Depois de dois longos vôos com escala no Dubai, cheguei finalmente a Bangkok. À minha espera tinha o abraço do meu irmão e da minha cunhada logo na saída dos desembarques. Vivem lá há um ano e meio e isso fez com que não pesquisasse absolutamente nada sobre a cidade. Sabia que ia ter os melhores cicerones do Mundo. Entreguei-me!

No táxi, a caminho de casa, levei logo com uma lição de protocolo e cultura. Talvez por já me conhecerem e saberem que a possibilidade de cometer uma gafe era grande, ensinaram-me logo várias coisas sobre a cultura tailandesa.

O Rei é a figura mais importante daquele país, a seguir vem a religião. Dizer mal do Rei dá pena de 3 anos de cadeia. O Rei que está neste momento a governar é filho de um Rei idolatrado por aquele povo que esteve 70 anos a reinar. A Rainha é a mãe do actual Rei. Diferente do habitual.
Os asiáticos acreditam que a cabeça é a parte mais sagrada do corpo e por isso, não se pode mexer na cabeça das pessoas. Se virem uma criança fofinha na rua, por favor, resistam àquela festinha calorosa na cabeça da criança. No nosso país é sinal de afecto, no deles é sinal de má-educação, desrespeito e más energias. Se vos cair uma moeda ao chão, por favor não a pisem para ela parar de rolar. Podem ter o azar de calhar a cara do Rei virada para cima e tudo o que não vão querer é espezinhar a cara da figura mais importante do país. Os asiáticos não são pessoas físicas. Enquanto nós, latinos, gostamos de apertar os ossos uns aos outros e de espetar belas beijocas quando cumprimentamos até os desconhecidos, eles não vão nessa onda. Juntem as mãos (como se estivessem a rezar) à frente do nariz e saúdem com uma vénia. Quanto maior for a vénia, maior o sinal de respeito ou agradecimento. A forma como eles o fazem é tão calorosa e generosa que garanto que vão sentir-se abraçados sempre que um tailandês vos fizer um cumprimento.




Para começar, vamos aprender a cumprimentar e a agradecer. (Não é fácil! Demorei 5 dias a conseguir decorar a entoação certa!)

Para um Olá, Bom dia ou Boa noite, usamos o "Sawadee Ka" (com a vénia ao mesmo tempo). A pronunciação correcta é Sáuádíká. Quanto mais arrastarem o "ka" no fim, mais caloroso é o cumprimento.

Mais difícil é o Obrigada. Kob Kun Ka! Mais uma vez com a vénia ao mesmo tempo. Se as mãos estiverem ocupadas, baixem só a cabeça. Aqui também arrastamos o Ka para mostrar que estamos meeeeeesmo agradecidos.

As mulheres usam o Ka, os homens usam o Krap.

Quanto à comunicação... Bem! Esqueçam o British accent que aprenderam na escola e o American accent que aprenderam nos filmes. O inglês deles é muito Thai e vai ser difícil perceber tudo o que dizem. Na verdade, ao ouvir o meu irmão a falar com eles ao princípio, deixou-me estarrecida! Achei que ele já falava tailandês. Nada disso! Era só inglês com a pronuncia deles. Estão a ver quando falamos com um brasileiro que não mora cá e abrasileiramos a conversa no vocabulário e na pronuncia para eles nos entenderem melhor? Lá é igual! Simplifiquem as frases, falem pausadamente e usem a mesma pronúncia que eles.

Em vez de: Hello! Can I have a coffee please?
Vai um: Sawadee Kaaaaaa! Coffee please!




Ah! O tema do café também dá um parágrafo inteiro! Nós, os portugueses, estamos habituados à bica! Café em chávena pequena com bastante espuma, forte e quente! Aquele café a meio da manhã e a seguir às refeições para fazer o cérebro funcionar. Lá é muito difícil arranjar um café assim. Temos de, em primeiro lugar, encontrar um sítio onde vendam café expresso, depois, pedir um "expresso, one shot, long, no ice" Caso contrário, recebem um copo de refresco com meio litro de café cheio de gelo.

Por falar em gelo. O calor não é muito, mas a humidade é imensa. O que faz com que o calor que sentimos seja insuportável. Sempre que saía de casa de manhã, levava uns minutos a conseguir habituar-me e a respirar como devia. Na rua há vendedores ambulantes a vender comida e fruta em todas as esquinas e a qualquer hora do dia. Vão experimentar a melhor fruta que já comeram na vida. E uma variedade impressionante. As mangas e a melancia nunca mais vos vão saber ao mesmo depois de experimentarem as de lá. Podem comprar a fruta inteira que eles vendem descascada e cortada na hora, ou em sumo que espremem na hora também e vem cheia de gelo. Não há melhor para repor líquidos e açúcares que desaparecem do nosso corpo à velocidade da luz por causa do calor. Provem o mangustão, a toranja, o dragon fruit. Há vendedores que vendem as frutas misturadas para fazer sumo. Que smoothies maravilhosos aquela terra tem!

A comida é simplesmente maravilhosa! A cada garfada que se mete na boca, é preciso tempo para apreciar todos os sabores que explodem no nosso paladar. Entre o doce, o salgado, o picante, as texturas diferentes... Não é possível explicar a quantidade de sensações que são sentidas em cada dentada. Atenção a quem é sensível ao picante. Os tailandeses usam malaguetas em vez de sal. Quando dizem que determinado prato não é picante (spicy), estão a falar pela bitola deles!




Preparem-se para fazer muitos kms por dia. A cidade é tão grande e tem tanta coisa para ver que não paramos um segundo. Preparem-se também para um mínimo de dois duches por dia por causa do calor. Mal saímos de um, temos logo vontade de tomar outro. Por isso, levem muitas mudas de roupa.

Para se deslocarem existem várias opções. O metro, o comboio (BTS), táxis, tuktuks, motas. Atenção aos tuktuks! São muito bonitos e típicos, mas são a preço de turista. Além do mais, o trânsito é tanto, mas tanto, que vão ficar horas enfiados no Tuktuk a levar com o fumo dos carros e autocarros em cima. Os táxis também não são a melhor opção por causa do trânsito. Os táxi-mota são a melhor escolha. E vão ver muitas paragens de motas espalhadas pela cidade. Eles usam um colete cor-de-laranja, são muito fáceis de identificar. E também é muito barato além de ser muito mais rápido porque passam no meio dos carros no trânsito. Aliás, falando nisso, preparem-se! O sentido do trânsito é ao contrário do nosso, só isso já faz alguma confusão. As motas serpenteiam o trânsito no meio dos carros, muitas vezes em sentido contrário e ainda por cima SEM capacete. Tive alguns ataques cardíacos ao princípio mas ao fim de dois ou três dias já estava habituada. O truque é pensar que eles fazem aquilo todos os dias, por isso sabem o que fazem. Confiemos! Neles e em Deus!
À noite, para irem jantar fora ou sair à noite, podem usar o Grab (aplicação igual à Uber). Tem a vantagem de poderem escolher se querem carro ou mota ou se querem um carro para mais do que 4 passageiros. Podem também escolher pagar em dinheiro ou cartão de crédito e já sabem antes da viagem quanto vão pagar. Assim evitam os enganos dos taxistas normais.

Atravessar a estrada também é uma aventura! Haver uma passadeira não significa que os carros parem! (Não se esqueçam de olhar para direita primeiro! O sentido do trânsito é ao contrário do nosso!) O melhor é respirar fundo, por uma mão à frente a pedir para pararem e avançar sem medos! Em Roma, sê romano!

Para comunicarem com a família pelo WhatsApp ou actualizarem as redes sociais, aconselho-vos a comprarem um cartão SIM tailandês. Podem comprar em qualquer loja de conveniência (há mil espalhadas na rua), há cartões próprios para turistas, só precisam de mostrar o passaporte. O cartão custa 300 Bhats (cerca de 7€) e funciona durante 8 dias com internet ilimitada e chamadas grátis para números tailandeses.

Há milhões de templos para visitar. O meu irmão levou-me a 3 que valem mesmo a pena. O Templo do Buda reclinado (Wat Pho), o Golden Mount e Ayutthaya. Os dois primeiros ficam no centro da cidade, embora em sítios diferentes, o último fica a uma hora de caminho. É possível contratar visitas guiadas ou um motorista privado para fazer esse passeio. Quando visitarem os templos, não precisam de tapar a cabeça. Mas não podem ter os joelhos nem os ombros de fora. Podem levar saias ou calções desde que tapem os joelhos. As mangas podem ser até bastante curtas, desde que não sejam cavas. Levem um lenço na mochila para cobrir os ombros ou para por à volta da cintura tipo canga da praia. Nos jardins dos templos andamos calçados, mas dentro dos templos, temos de tirar os sapatos. Aconselho levarem sapatilhas com meias (pezinhos) para não terem de andar com os vossos pés descalços em cima do chulé dos turistas todos que lá andam.

Há muitos shoppings em Bangkok! O MQuartier e o Emporio são shoppings de luxo. Mesmo luxo! Com lojas YSL, LV, Cartier, Prada e afins. Até stands da Bentley e Rolls Royce encontram! Depois há o MBK que é obrigatório pela experiência em si. Imaginem um Martim Moniz com ar condicionado e distribuído por 7 andares! Lá podem comprar roupa, artesanato, tecnologias e gadgets, comidas e tudo e tudo e tudo e tudo! Não há descrição possível para o ambiente deste shopping e para tudo o que lá podem encontrar. Outro shopping que adorei foi o Terminal 21. O conceito do shopping está muito giro porque cada andar tem o tema de uma cidade diferente e está decorado em função disso e também está dividido por secções. Um andar para homem, outro para senhora, outro para criança, decoração, etc. Tem lojas muito giras com coisas lindas e diferentes.




Claro que também há os mercados. E claro que também são obrigatórios! Os mercados, por norma, funcionam de 6ª feira a Domingo. Há os mercados noturnos e os de dia. Um mercado nocturno obrigatório, é o JJ Green Market. É um espanto!!! Imaginem uma LX Factory mas quem dera a LX Factory ser aquilo. Tem uma zona de comidas do outro mundo que não acaba! Com todo o tipo de street food que podem imaginar e também coisas que nunca imaginariam. (Sim! Aqui encontram larvas e baratas fritas!) mas também encontram os melhores Dim Sum de sempre e as melhores espetadas de porco e tanta coisa maravilhosa!!!! No fim do mercado existem uns armazéns (tipo LX Factory) a vender velharias. E aqui é outra vez para perder a cabeça! (Tinha trazido três contentores cheios para casa se pudesse). A proximidade da Tailândia ao Vietname faz com que haja milhões de coisas do tempo da guerra. Desde motas, carros, mobílias, objectos, roupas daquela época. Imensa coisa muito americana dos anos 50 aos anos 70. Tanta coisa maravilhosa e linda!
Outro mercado para comprarem presentes é o Chatchuchak Market. Este mercado tem 20.000 mini-lojas. Muito dividido por áreas também. Roupa, decoração, artesanato e também uma área reservada a artistas e pequenas marcas locais. Aqui, havendo possibilidade, é levar uma mala de viagem para encherem de compras.

As praias ficam longe de Bangkok. A menos que tenham muitos dias de férias e oportunidade para alugar um carro e fazer muitos kms, a forma mais fácil (e barata! Comprem os vôos na Asia Airlines) é de avião. Estive perto de Krabi. Um paraíso prometido pela maior parte das fotografias dos postais tailandeses. O único problema foi ter ido na pior altura (Agosto). Apesar do calor e da água a temperatura bastante convidativa, apanhei muitas chuvas torrenciais. A água, por norma transparente, não estava nada transparente e as ilhas verdejantes do horizonte dos postais estavam cinzentas e cobertas de neblina. Claro que não deixou de ser um sonho! Mas, quem não for Educador de Infância e puder tirar férias fora de Agosto, vá no nosso Inverno para apanhar a melhor altura. A partir de Outubro já é seguro apanhar bom tempo. Dicas? Mesmo com o céu encoberto e com creme factor 50+ apanhei um escaldão. O sol é mesmo muito forte! Se forem na altura do bom tempo, não se esqueçam de besuntar o corpo muitas vezes com um factor muito alto. A rebentação das ondas (quem costuma ir ao Guincho acha a rebentação de lá absolutamente ridícula!) tem muitos corais partidos. Doi nos pés a entrar na água. Eles vendem sapatos próprios para tomar banho no mar em todas as esquinas. Não percam o por do sol num dos bares da praia com uns petiscos bem tailandeses. Alguns bares têm música ao vido e um ambiente espectacular!

Os elefantes são uma das maiores atrações do país. E claro que são uma das mais apetecíveis! Mas atenção. Os animais são muito explorados em muitos sítios. Por favor não compactuem com os passeios de elefante, seja na selva, seja na cidade. Os animais são muito mal tratados nesse tipo de atrações. Eu visitei um santuário de elefantes onde são acolhidos elefantes resgatados de fábricas (usados para transporte de madeiras) e de locais turísticos. No santuário eles vivem em liberdade (controlada e fechada), comem quando querem, tomam banho em lagoas e brincam na lama. Foi a maior experiência da minha vida! Pude contactar de muito perto com eles que estão habituados aos humanos. Dei-lhes fruta, muitos abraços, passeámos pela mata e no fim ainda pude tomar banho com eles na lagoa. Foi uma experiência tão intensa e bonita que não tenho palavras para descrever. Acho que foi o melhor dia da minha vida!

Em jeito de resumo, só vos posso dizer que a Tailândia foi uma surpresa maravilhosa! As pessoas são incríveis! De uma simpatia e vontade de agradar incríveis. Senti-me dentro de um documentário do National Geographic o tempo todo. Num momento estamos numa rua cheia de prostitutas, no momento seguinte estamos em frente a um arranha-céus moderníssimo. O contraste é impressionante! As cores, os cheiros, o barulho. Há sempre música! Há sempre trânsito! Há sempre calor! O cérebro está constantemente a processar informação. Constantemente a absorver e a aprender coisas novas.

Se vos perguntarem de onde são, you're not from Portugal! You're from Portukéte! Ohhhhhh Ronaldo! Very good!

Ah estes contrastes bons de culturas! Temos de ir abertos às diferenças. Preparados para choques culturais muito fortes. Com o coração cheio de vontade de conhecer coisas novas. Se o espírito for esse, tenho a certeza que vão amar este país!


Ah! Já me esquecia! São um povo muito asseado! As casas de banho têm sempre uma empregada a limpar as retretes a tempo inteiro. (Nos mercados paga-se 5 Bhats para entrar) No entanto... Nem sempre os parâmetros são iguais aos nossos! Por isso, não levem roupa muito complicada senhoras! Macacões não dão muito jeito quando temos casas-de-banho muito apertadas e com um buraco no chão em vez da retrete. Normalmente, quando há buraco, não há autoclismo. Há um balde cheio de água com um alguidar pequeno para deitarmos lá para dentro. Levem sempre na mochila lenços de papel e toalhetes húmidos. Dão sempre jeito! Se precisarem de fazer um xixi e tiverem um centro comercial por perto, aproveitem! Vão perceber o conceito de luxo Asiático nos shoppings!














27/07/2018

A cesta das Mães Solteiras

É 6.ª feira. Este fim-de-semana os filhos são teus! Passas no supermercado para te abasteceres para o fim-de-semana.

- Fruta! Temos de levar fruta. Vais comer fruta sim! Quem é a mãe aqui?
- Legumes para fazer sopa nova. Não te preocupes! Desta vez não levo espinafres. Mas vais comer sopa, já sabes!
- Vou levar estes peitos de frango para fazer nuggets. Ficam bons no forno e têm menos gordura.
- Não! Não podes levar gomas.
- Vá... Leva lá cereais de chocolate para o pequeno-almoço! Um doce também não faz mal.
- Não! Não vou levar batatas fritas! Já sabes que não compro isso.
- Iogurtes
- Leite
- É melhor levar arroz, acho que está a acabar.
- Panquecas para o lanche? Ok! Vou buscar farinha de aveia que já não há.

É 6.ª feira. Este fim-de-semana os filhos são do pai! Passas no supermercado para te abasteceres para o fim-de-semana.

- Hum... Estes croissants estão com óptimo aspecto! Ah! Que bom! Estão mornos. Vou levar só um. Oh! Vou levar dois!
- Fruta? Vá... Levo morangos! Estão com boa cara.
- Chocolate Branco! Simmmmm!!!! Para acabar de ver a 3.ª temporada da série.
- Sopa! Vou levar já feita! Será que tem batata? Paciência! Já está feita!!!
- Ah! E uma lasanha destas! Não me vai apetecer cozinhar.
- Somersby! Acho que já só tenho uma.
- Batatas fritas. Está mesmo a apetecer-me.
- Bacon para fritar com os ovos.
- Se calhar vou voltar para trás para ir buscar também uma tablete de amêndoas torradas.

26/07/2018

Não deixes para amanhã!

O que podes fazer antes das férias!

Eu sou aquela pessoa organizada que faz tudo com antecedência! (Not!!!)
Deixo tudo para a última! Faço tudo na véspera, na última chamada, nos últimos 5 minutos.

No ano passado consegui estar 3 meses à espera de um livro de Português para a minha filha... Não me perdôo... Quem ficou mal foi ela que andou com fotocópias durante uma data de tempo por culpa da desorganização da mãe!

Este ano não me apanham nessa. Antes de ir de férias deixo tudo tratado e encomendado!

Fui ao site da Staples encomendar tudo. Basta escolher o sítio onde vivemos e a escola e ano em que os nossos filhos andam e as listas aparecem logo. Se comprarmos agora, temos logo 6% de desconto imediato até ao dia 19 de Agosto.

A minha parte preferida ainda é poder encadernar os livros escolares na Staples com aquele sistema Colibri que não estraga os livros, não faz bolhas, ficam perfeitos e eu ainda passo por mãe espectacular!!!

25/07/2018

Cada vez mais perto!

Ver o lado positivo das coisas, neste caso de uma coisa muito simples, a vida, é achar que a cada minuto que passa, estamos cada vez mais perto. Mais perto de quê? Sei lá eu! Cada um sabe de si. Cada um sabe quais são as suas lutas, os seus caminhos, os seus objectivos. A única coisa que aprendi, foi que, enquanto olharmos para trás para ver determinadas coisas que estão cada vez mais longe, esquecemo-nos de olhar para a frente para ver as próximas cada vez mais perto.

Podíamos até falar da fila do supermercado ou da fila de trânsito. A cada artigo que a menina da caixa passa do cliente que está à nossa frente, a nossa vez fica cada mais vez mais perto. A cada metro que avançamos numa fila de trânsito infernal, o nosso destino está cada vez mais próximo.

Agora basta pegar neste raciocínio, que até parece um bocado parvo, e projectá-lo na nossa vida. Na parte abstrata e misteriosa da vida. Sobre a qual não sabemos nada... Mas sabemos que, a cada minuto que passa, estamos cada vez mais perto. Seja da promoção no trabalho, das férias, daquele sonho por realizar. Até da morte estamos cada vez mais perto. Mas nessa preferimos não pensar. Não é com ela que queremos encontrar-nos. Apenas com as coisas boas que estão por vir.

Eu acredito que estou cada vez mais perto do Euromilhões por exemplo. Não sei! Está no lado abstrato e misterioso da vida. Mas se eu acredito, vocês também não são ninguém para me dizer que não!!! Cada um acredita no que quiser. O importante é que saibamos que estamos cada vez mais perto.

12/07/2018

Tu que preferes a magra!

Ontem, enquanto participava na Prova Oral com o Fernando Alvim, ligou um ouvinte a queixar-se que não tinha nenhuma relação há 10 anos. Que só queria ser feliz. Já agora com uma mulher magra porque não gostava de mulheres gordas.

Confesso que me contive para não lhe responder em directo. Não sabia muito bem se podia interromper a conversa. Mas desde ontem que fiquei a pensar nisso. Aproveito para responder, não só a ele, mas a todos os homens que preferem as magras.

Senti-me ofendida! Senti-me ofendida enquanto Mulher. Senti-me ofendida em nome de todas as Mulheres. Não só pelas mulheres gordas, mas pelas Mulheres magras também.

Tento explicar muitas vezes que, depois de um caminho percorrido, percebi que o meu estado civil não me define. Deixei de ter vergonha de dizer que era divorciada quando aprendi a dar-me valor. Quando finalmente descobri que aquilo que eu posso dar a quem está ao meu lado nada tem a ver com o facto de ser divorciada, casada ou viúva. Percebi que sou muito mais que Mãe, muito mais que Educadora de Infância, muito mais que Blogger, ou filha ou contribuinte. Na verdade somos um todo.  Mas não somos mais pela nossa profissão, ocupação ou estado civil. Da mesma forma, o tamanho das calças que vestimos também não define aquilo que somos. Ai não define mesmo!!!

A ti que preferes a magra, só posso concluir que o que queres mesmo nada tem a ver com o que a pessoa que poderia estar ao teu lado te possa dar. Aliás, nem tu tens nada para oferecer. Porque andas à procura de algo cujo conteúdo te é indiferente. Só interessa mesmo o pacote. (Em todos os sentidos!)

Tu que preferes a magra nada sabes sobre o que significa gostar de uma pessoa por aquilo que ela é. Pelo seu carácter, pelo seu sentido de humor, pelas suas convicções, pela sua força ou pela sua forma de viver.

Tu que preferes a magra não mereces sequer a gorda. Porque ao preferir a magra em vez da bem-disposta, ao preferires a magra em vez da generosa, ao preferires a magra em vez da forte, não preferes mulher nenhuma. Não mereces mulher nenhuma. Independentemente dela ser magra e bem-disposta ou magra e generosa.

Neste Mundo em que vivemos, talvez devesses até preferir a gorda. Porque a magra nunca teve de se esforçar para ultrapassar preconceitos. A magra nunca teve de se fazer de forte para vestir um fato-de-banho. A magra nunca teve de se sentir culpada diante de um bolo de chocolate.. A magra nunca teve de refugiar-se no seu sentido de humor para fazer-se bonita num Mundo que prefere magras.

Tu que preferes a magra não percebes nada! Não percebes que, muito provavelmente, escondida dentro das curvas bem delineadas e generosas de um corpo, está uma mulher que vai preocupar-se muito mais contigo e cuidar muito melhor de ti porque sabe que, num Mundo de homens de merda como tu, não há muitos que olhem para si. E por isso vai fazer-te feliz como nenhuma magra faria só por ter medo de te perder.

Tu que preferes a magra, não percebes absolutamente nada de Mulheres.

É por tantos ‘tus que existem neste Mundo que a gorda vai continuar a sentir-se gorda em vez de sentir-se bonita, generosa ou forte ou feliz.

Eu já fui a gorda. E mesmo que hoje seja magra, vou continuar a afastar de mim os homens como tu. Que preferem o rabo ao carácter. As maminhas ao sentido de humor. As pernas à generosidade.

Como disse alguém que interveio ontem no programa, tu que preferes a magra, podes ir ao talho escolher o teu pedaço de carne e continuar sozinho à espera que a magra apareça.


07/07/2018

Em que é que ficamos?

Há quem diga que não percebemos nada, no final das contas, eu até acho que percebemos tudo.

Tive um dia de praia espectacular. Com amigos. Acordámos bem cedo, o tempo estava uma merda, mesmo assim não desistimos. E eu estive quase... Pegámos nas crianças e nas sanduíches e fizemo-nos à estrada. Valeu tanto a pena não desistir!

A praia acabou numa mesa com caracóis, cervejas, bocas lambuzadas de gelado, gargalhadas e conversas boas. Mas também acabou com um telefonema a dar uma notícia triste da morte repentina de alguém.

Fiquei mal-disposta... Sempre que recebemos notícias destas ficamos assim... Mal-dispostos. Com o duro embate com a realidade. A realidade que tentamos não ver quando acordamos todos os dias. A realidade de que num minuto estamos aqui e no próximo não sabemos.

Agarrei-me aos meus filhos! Pensei nos meus pais. Olhei para os meus filhos a pensar se, se partisse naquele segundo, se teria deixado alguma coisa por lhes fazer. Na verdade, quando morremos, deixamos sempre tudo por fazer. Mas também é verdade que, se pensarmos bem, não deixamos absolutamente nada! Quando alguém morre, temos tendência a enaltecer essa pessoa. Acho que, se morresse, os meus filhos iam lembrar-se apenas das coisas boas que fazíamos e não do ralhete que lhes dei no outro dia só porque estava cansada e me deixou com a sensação de ter sido injusta no minuto seguinte.

Estes momentos dão-nos vontade de viver como se não fossemos acordar amanhã. De dizer a todas as pessoas importantes que as adoramos. De fazer algum pedido de desculpa que tenha ficado pendente. Temos até o desplante de pensar naquela viagem que queríamos tanto ter feito e ainda não houve oportunidade. Ou combinamos que vamos passar a ir contemplar o mar todos os dias.

A verdade é que é impossível viver como se fossemos morrer amanhã. Primeiro porque seria bastante cansativo viver com urgência em deixar tudo bem feito. Depois porque, aquelas coisas que consideramos especiais e temos vontade de as fazer quando nos cheira a morte, deixariam de ser especiais.

Se fosse todos os dias à Indía, deixava de ter vontade de a conhecer. Se comesse todos os dias as minhas comidas preferidas, deixava de conseguir sequer olhar para elas, quanto mais ter vontade de as comer. Se ligar todos os dias aos meus pais a dizer que os adoro, aquelas palavras que quero impactantes na hora em que são ditas, passariam a ser banais.

As coisas especiais são especiais precisamente porque não temos tempo ou oportunidade de as fazer constantemente!

Se calhar estes baques de morte fazem-nos bem de vez em quando, embora eu ache que ninguém devesse morrer! (Só os maus! Esses não fazem cá falta nenhuma!) Faz-nos bem, de vez em quando, lembrarmo-nos que somos finitos. E frágeis. Deve ser por isso que esses momentos nos fazem pensar em coisas importantes! Porque, felizmente, não acontecem todos os dias. E de vez em quando é bom pensar nas coisas importantes que temos para fazer e dizer.

Mas também faz parte da vida acordar, comer, trabalhar, executar tarefas quotidianas, levar os filhos à escola, esquecer de comprar leite, comer os mesmos bifes de frango de sempre, discutir com a mãe ou mandar o senhor do carro da frente à merda. Faz parte da vida. Faz-nos ser imperfeitos. Na verdade faz-nos vivos! E são essas perfeitas imperfeições do dia-a-dia que tornam algumas coisas tão especiais.

Por isso, afinal de contas, acho mesmo que não devemos viver como se amanhã fosse o último dia. Acho mesmo que devemos só viver. Com o bom e o mau que a vida nos dá. Com o melhor ou o pior que conseguimos fazer dela. Sem nos esquecermos de, de vez em quando, fazermos coisas especiais. De preferência sem termos de levar com um baque de morte.  Isso seria o ideal! Um dia havemos de ir todos não é?



28/06/2018

Um problema que é mais comum do que se imagina!




Felizmente, enquanto Mãe, nunca passei por isto. Os meus filhos sempre foram muito certos na hora de fazer cocó.





Mas enquanto Educadora, sempre tive crianças que precisavam de ajuda. Este ano, ainda mais, por serem bem mais pequeninos.

Escuto com atenção as preocupações das Mães, em alguns casos as preocupações são bem grandes. Tento ajudá-las na medida do possível. Mas nem sempre tenho os conhecimentos suficientes para o fazer.

A prisão de ventre nem sempre é fisiológica. Muitas vezes torna-se um ciclo vicioso1. Como um novelo que se forma dentro das suas cabeças e que os bloqueia.

A dor é um dos motivos! Há várias causas que levam à prisão de ventre. Questões emocionais, stress, o facto de estarem fora do seu ambiente, as mudanças de dieta...

Isso faz com que a criança associe a dor ao acto de fazer cocó e por isso fica com medo de ir à casa-de-banho e tenta prender. Ao prender, faz com que o cocó fique bastante mais duro tornando a ida à retrete bastante dolorosa.

E o ciclo vai girando! Dor, medo, retenção, dor!

A criança fica ansiosa porque não consegue e os pais ficam ansiosos porque não sabem, muitas vezes, como ajudar.

Mas há formas de dar a volta à questão!

Através da alimentação com um maior consumo de água e de fibras. Criando rotinas, como ir com a criança à casa-de-banho cerca de 20 minutos após as refeições. Ajudar a criança a sentar-se confortavelmente na retrete, com os pés bem assentes e com a ajuda de um banco para as pernas ficarem na posição ideal (para lhe dar segurança) e confortando a criança de forma positiva pode ajudar2.

Quando aparece a prisão de ventre, pode acontecer ver a fralda ou as cuecas da criança sujas devido a fugas involuntárias. É extremamente importante não ralhar com a criança quando isso acontece para não aumentar a ansiedade dela.

Quando tudo isto não resolve, é preciso recorrer a produtos que ajudem a amolecer o cocó da criança facilitando a ida à casa-de-banho. Como por exemplo o DULCOSOFT® líquido (solução oral 250ml) que pode ser tomado por crianças a partir dos 2 anos de idade.
E sabem qual é a grande vantagem do DULCOSOFT®? É o seu sabor neutro. Pode ser misturado num sumo, no leite, na sopa ou em água e a criança não sente. E também é adequado para diabéticos e celíacos pois a sua composição não tem glúten nem açúcar.
Existe ainda a opção DULCOSOFT® em saquetas (pó para solução oral 10gr, 20 saquetas) que pode ser tomado por crianças a partir dos 8 anos de idade.

Podem saber mais sobre o DULCOSOFT® aqui!

DULCOSOFT® Pó para Solução Oral e DULCOSOFT® Solução Oral são dispositivos médicos para amolecer as fezes duras e secas e facilitar a evacuação. A administração a grávidas e crianças com menos de 8 anos deve ser preferencialmente supervisionada por um profissional de saúde. DULCOSOFT® não deve ser tomado durante mais de 28 dias. Não tome DULCOSOFT® no caso de alergia ao macrogol 4000 ou a qualquer outro ingrediente, se tiver alguma doença intestinal inflamatória grave ou megacólon tóxico, perfuração digestiva ou risco de perfuração digestiva, íleus, suspeita de obstrução intestinal, estenose sintomática ou síndromes abdominais dolorosas de causa indeterminada. Leia com atenção a rotulagem e instruções de utilização. (5.0) [SAPT.DULC8.18.05.0329b].


1 Nadeem A Afzal, et al. Constipation in children. Ital J Pediatr. 2011; 37: 28. 
2 Nurko S., et al, Evaluation and Treatment of Constipation in Children and Adolescents. Am Fam Physician. 2014 Jul 15;90(2):82-90.

18/06/2018

Quanto pior mãe sou, mais contente fico!

Avisei claramente antes de entrar no supermercado!

- Vamos ao supermercado! Estão desde já informados que vou comprar coisas que preciso. Escusam de pedir o que quer que seja.

Mas isto foi dentro do carro. Toda a gente sabe que os avisos são guardados naquela caixinha sem fundo, lá naquela parte do cérebro, mal passamos a porta do supermercado.

Cromos para a caderneta, um cachecol de Portugal, uma bola de futebol, iogurtes com smarties, bolachas com pepitas de chocolate... Perdi o fio à meada... Não só pediu coisas (ele, claro! Ela já sabe que nem vale a pena) como pediu coisas de extrema importância para a sua sobrevivência!

- Vais continuar a pedir? Ou ainda não percebeste que vais levar um não a cada pedido que fizeres?
- A mãe nunca nos compra nada! NUNCA!
- Tens toda a razão! Tens uma mãe horrosa! Não há problema nenhum porque vamos já tratar de te arranjar uma mãe muito melhor! Olha! Aquela senhora tem um ar simpático! Vai lá pedir-lhe! Tenho a certeza que te compra tudo o que precisas.
- Mãe...
- Estou a falar a sério! Não mereces uma mãe como eu! Não vais lá tu, vou lá eu! Olhe!!! Desculpe!!! A senhora quer ser mãe do meu filho?

Amuou... Não foi a senhora! Foi ele mesmo. Mas a verdade é que não pediu mais nada até acabarmos as compras.

Chegámos a casa! Calor infernal. (Mas em bom! Não me queixo! Venha o calor! Onde estava ele?) Fomos passear o Darcy. O jantar já estava previsto e eu até já lhes tinha dito que iam para o banho mal chegássemos a casa. De repente mudei de ideias.

- Mãe, pode ser a Gigi a tomar banho primeiro?
- Não! Vão vestir os fatos-de-banho!
- Hã?
- Rápido! Vão vestir os fatos-de-banho!

Fui a voar para a cozinha! Voltei a guardar os bifes de frango no frigorífico! Ovos mexidos, bacon, pão! Uns sumos, uma garrafa de água e um café dentro de um frasco de geleia. Enfiei o fato-de-banho e arranquei-os de casa.




Eram 20:00 quando chegámos à praia. A maior parte das pessoas estavam de saída. Dois casais, uns jogadores de vólei, as palmeiras, os barcos e nós! Tão bom!

Adoro estes programas organizados em cima do joelho! Falava eu em aceitação ontem... Sim! Aceitar o fim de dia maravilhoso que nos é oferecido e arrancar para a praia com uma sanduíche debaixo do braço. Mesmo em dia de aulas. Se morrer amanhã, estas memórias já ninguém lhes tira.

Jogaram à bola, comeram com as mãos, deram mergulhos até as luzes da vila se acenderem. Saímos já de noite e só porque havia aulas no dia seguinte.

Criar-lhes memórias. É tudo o que mais me interessa! Mesmo que, daqui a muitos anos eles se lembrem que a mãe não lhes comprava tudo o que pediam, pelo menos também se vão lembrar que a mãe os levava a jantar na praia. Em dias de aulas. E a dar mergulhos quando as luzes da Vila já estavam acesas.








Aceitar não é desistir

Tomei o pequeno-almoço com uma amiga. Pusemos dois meses de conversa em dia. Eu tenho sido uma péssima amiga ultimamente... O Livro consumiu todo o meu tempo e energia nos últimos meses! Agora estou a tentar compensar as pessoas pela minha ausência. A física e a emocional.

Falámos das nossas vidas e contámos as últimas novidades. A dada altura ela fazia mil planos para o futuro. Desejou-me mil coisas boas para os próximos tempos e perguntou-me quais eram os meus planos.

Fiquei em silêncio. Primeiro a olhar para ela, depois a olhar para o céu em busca de ideias e pensamentos. De desejos.

- Olha... Não penso nisso! Estou finalmente numa fase de aceitação.
- Como assim?

A verdade é que não sei muito bem como explicar! O último ano da minha vida foi uma montanha russa. Em todas as vertentes que a vida nos oferece! Estive em cima e em baixo. Subi tão depressa como desci. Não tive muito tempo sequer para pensar nas coisas.

Agora que as coisas acalmaram finalmente, percebi que estou numa altura de aceitação. Aceitar aquilo que a vida me oferece. E isso não é necessariamente desistir de nada! É não fazer planos para os próximos tempos. É aproveitar cada momento no instante em que ele acontece. É absorver as coisas à medida que vão surgindo. Dando mais tempo para as ver chegar, para as agradecer, para as viver.

Planos? Sim! Tenho vários. Mas não olho para o fim da estrada à procura deles. Apenas sei que um dia vão chegar. E vou tranquilamente aproveitar o caminho. Aproveitar as pessoas que estão ao meu lado. Aproveitar o meu trabalho. Aproveitar as coisas que vão surgindo. Aceitar aquilo que o Universo me oferece de braços abertos sem esperar mais do que aquilo que me é confiado.

Quando aceitamos aquilo que nos é oferecido sem esperarmos não há desilusões. Há apenas gratidão. Não há ansiedade para ver quando vem mais ou porque veio menos. Há apenas tempo para abrir as mãos, agarrar e viver.

Aceitar era algo que já não fazia há muito tempo! E era também algo que precisava voltar a fazer.

Viver com ansiedade para ver, com angústia de não receber ou com a desilusão de não ter na medida que achamos que devíamos é muito desgastante.

Por isso a nova palavra de ordem é aceitar! E depois? Depois logo se vê o que a Vida traz!

17/06/2018

Porque é que nunca me explicaram assim?

Ontem estive numa formação sobre os Touchpoints do Dr Brazelton. (Aquele super mega guru da pediatria mundial)

Basicamente, e muito resumidamente, estive a tentar perceber melhor como funciona a cabeça de um bebé e o seu desenvolvimento.

A dada altura falou-se das cólicas. Há milhões de teorias sobre a fase das cólicas nos recém-nascidos. Há milhões de teorias que tentam explicar a razão de existirem. Sejam elas quais forem, há tantos outros milhões de mães a sofrer com as mesmas. Seja porque o bebé berra uma noite seguida, seja porque o bebé chega ali às 18:00 e, sem ninguém entender porquê, começa aos berros durante horas seguidas. As mães sofrem com o sofrimento deles, mas também sofrem de cansaço e de desespero.

Quem estava a dar a formação era a Prof. Ana Teresa Brito. Minha professora e orientadora de estágio na faculdade. (Há muitos anos... Mas não interessa agora contá-los!) Além de ser das pessoas mais humanas e generosas que conheço, também é das pessoas que mais sabe sobre a 1ª Infância neste país. A sua explicação para as cólicas foi a explicação mais simples que já ouvi na vida! Talvez a que faça mais sentido! E, se me tivessem dado esta explicação quando os meus filhos tiveram cólicas, talvez eu tivesse tido muito mais empatia com a dor deles. E essa empatia teria gerado muito mais compreensão e menos cansaço em mim, que desesperei a cuidar deles!

Um bebé passou 9 meses dentro da barriga da mãe. Passou 9 meses a uma temperatura mais ou menos estável, em meio aquático, a ser alimentado constantemente pelo cordão umbilical, protegido da luz, do ruído, do frio, do calor, de todos os estímulos existentes neste Mundo.

De repente o bebé sai da barriga da mãe! Puf! Está fora do meio aquático. Tem de habituar o seu corpo e a sua pele ao ar. Tem de gerir as diferenças de temperatura, a fome, o sono, o colo da avó, dos irmãos, dos pais, das vizinhas. Tem de gerir o barulho das vozes de todas as outras pessoas (e toda a gente esganiça a voz para falar com eles, coitados!). O barulho da televisão, do trânsito. A luz do dia e o escuro da noite. Tem de gerir o seu corpo a funcionar de forma diferente. Porque agora respira, engole, faz cocó e xixi. O bebé tem de gerir todo o que lhe é apresentado nesta nova vida e tudo o que lhe acontece por dentro e por fora!

Já pensaram no stress que causa a cada bebé? A pressão pela qual o bebé passa?

Imaginem atirar-nos para dentro de uma empresa. Primeiro dia de trabalho. Ter 100 pessoas que querem vir cumprimentar o novo colega, a despejarem os seus nomes para cima de nós (que não conseguimos decorar nem um) a despejarem toda a informação de como funciona cada departamento e onde podemos encontrar tudo o que precisamos. Agora imaginem que tudo isto acontecia numa cidade nova, numa língua que nem sequer é a nossa! E ao fim do dia nem sequer sabíamos bem qual o caminho para voltar para casa.

Já pensaram na tremenda dor de barriga que sentiríamos com a ansiedade? E a tremenda dor de cabeça que iríamos ter no final do dia! Mais o cansaço do corpo e da cabeça por toda a informação que tivemos de reter ao mesmo tempo!

Se nós adultos íamos querer um analgésico, com um copo de vinho e um sofá em silêncio depois de 8h disto! Imaginem os bebés aos fim de 3 semanas. Após aterrarem na nova família, na nova vida, no novo Mundo!

Eu juro que, depois de ouvir esta explicação, me apeteceu ir abraçar os meus filhos e pedir-lhes desculpa por todas as vezes que desesperei com o choro deles! E pelas vezes que me apeteceu atirá-los pela janela porque já não conseguia ouvir os berros! Porque é que não me deram esta perspectiva há 10 anos?

Bolas!!!










03/06/2018

E agora? O que é que eu faço?

Tens as respostas dadas vez mais empertigadas. Já começas a revirar os olhos de cada vez que te peço alguma coisa que não te apetece fazer. E lá vai ela! A bufar pelo caminho e atirar as mãos pesadas pelo ar. Basta-me dizer o teu nome para voltares à postura de menina bem educada, mas sei que fervilhas por dentro.
Achas sempre que estou a ser injusta contigo em relação ao teu irmão. Nem imaginas que é exactamente ao contrário e que passo a vida a fazer orelhas moucas às respostas que desabafas em voz baixa. Não porque não queira saber, mas precisamente por saber que fazem parte e não quero entrar em confronto constantemente. Tenho presente em mim uma adolescência ainda fresca. Sei bem que tens um monte de hormonas a comandar o teu sistema nervoso e todas as mudanças que estão a decorrer aí dentro. E aí fora! Ainda tenho bem presente o que estás a sentir.

Ainda recuas quando te lanço o meu olhar número 37. "Desculpe mãe!" Por isso sei que me respeitas e sabes bem quais são os limites (apesar da ousadia em tentar ultrapassá-los). Já percebi tudo! As birras que não fizeste com 2 anos, guardaste-as para agora, não foi?

Tens o desplante de afirmar assertivamente factos que aconteceram antes sequer de nasceres, mesmo depois de eu te dizer que é exactamente ao contrário. Isto está a ficar bonito!

Safa-te a tua doçura quando olhas para mim e a tua generosidade ao cuidar do teu irmão! O respeito que tens pelo Mundo e pelas pessoas.

Sempre foste teimosa e persistente.

Eu estou aqui. A observar. A aprender. A viver a tua adolescência de filha ao mesmo tempo que entro na minha adolescência de mãe. As mudanças não estão apenas a acontecer contigo. Estão também a acontecer comigo. Eu também estou a aprender a lidar com a tua autonomia. Com a tua autonomia intelectual, a tua autonomia emocional. A tua autonomia em geral! Quando achas que já sabes exactamente o que precisas e já tentas fazer tudo sozinha. Calma miúda! Calma contigo.

E calma comigo também. Não andes depressa demais porque eu estou a correr atrás de ti, a aprender a lidar com esta nova menina grande que está a entrar em casa aos poucos mas cada vez mais depressa. Depois perco o fôlego! E não quero ser injusta e ter de dar razão às tuas reivindicações.

Já sei que isto tende a piorar! E eu espero continuar a sentir empatia com as tuas hormonas, espero continuar a ter fôlego para correr atrás de ti. Espero que o meu olhar 37 continue a funcionar.

27/05/2018

A miúda está a abrir as asas!



Há meses que sabemos que isto vai acontecer. Mas foi sendo adiado. Mais por mim do que por ela.
Há semanas que ela me pede para fazer a mala e eu vou atirando com o assunto para o canto da sala na esperança que ele possa ser arquivado.

Não foi! Hoje fizemos a mala. E ela estava tão feliz!

Escolhemos juntas as roupas. Separei tudo em sacos de plástico, divididos por dia. Mostrei-lhe onde estavam os produtos de higiene e revimos mil vezes como é que ela tem de fazer a bomba da asma e quando. Ela sabe de cor. Eu sei que ela sabe. Mas sou eu quem precisa que ela reveja a matéria dada. Com confirmação em prova oral.

Esta miúda vai fazer 10 anos dentro de pouco tempo. Esta miúda está a ir de viagem, pela primeira vez da vida dela, sem a mãe e sem o pai. E vai estar sem falar com nenhum dos dois durante alguns dias. Eu sei que ela se vai divertir. Eu sei que ela não vai precisar de mim para nada. Eu sei que os professores que a acompanham vão dar-lhe tudo o que precisa. Desde as gargalhadas, ao mimo, aos arrebites que forem necessários. Eu sei que ela nunca mais se vai esquecer de dormir em camarata com as amigas e de comer no chão e de rir até cair e de ficar com os pés a doer de tanto andar. Eu sei! Tenho a matéria bem revista e bem estudada.

Estou só a mentalizar-me para o facto de ter a minha primeira bebé a sair do ninho. A ganhar asas. Dentro de pouco tempo vão começar as saídas à noite e eu vou desejar com muita força voltar a este tempo em que eu só tinha de me preocupar com a viagem de estudo que ela fez com os professores pela primeira vez. Enquanto esse tempo não chega, deixem-me fazer o desmame desta filha. Deixem-me enfiar na cabeça que ela não é mais minha. Que só foi minha enquanto precisava que lhe dessem banho ou que a vestissem ou enquanto não conseguia tomar decisões e pensar por ela.

Quanto mais a oiço mais tenho a certeza que a base do trabalho está feita. Que os alicerces estão bem presos ao chão e que, a partir daqui, é ela quem tem de colocar os próprios tijolos. Pode precisar ainda de algum apoio a colocar o cimento. Mas daquilo que vejo, está a safar-se lindamente!

Que assim continue! Responsável, generosa, divertida, feliz!

Cá estarei à espera dela! Para a abraçar, para ouvir as suas aventuras todas e para lhe lavar a roupa suja que vier na mala.

23/05/2018

Conta-me como foi!

Eu bem me queixo de vez em quando! Mas a verdade é que me queixo de barriga cheia. Bem cheia!



Estávamos em Novembro. Eu estava a passar uma das fases mais difíceis da minha vida. Com o fim (muito complicado) de uma relação e uma adaptação a uma sala de bebés de um ano ao mesmo tempo. Recebi uma mensagem da Isabel da Zero a Oito (minha querida e adorada editora! É incrível como as pessoas se podem tornar amigas com tanta facilidade! It was meant to be!) Nunca nos tínhamos visto ou falado.

- Olá! Queres escrever um livro?

Achei que ela estava louca! Eu? Como? Quem? Quando? Mas porquê???

Nem ela sabia bem... Só sabia que queria! E eu também não sabia nada! Mas soube imediatamente que podia confiar nela.

Foi logo na primeira reunião que tivemos que o tema ficou decidido! Divórcio. Só faltava saber que forma lhe dar. E escrever! Mas essa parte tocava-me a mim.

A verdade é que me senti uma fraude! Como é que eu podia dizer às pessoas como superar o fim de uma relação, se eu própria estava na merda? Mais... Eu sabia que não queria um livro lamechas. Nem pesado! Como é que eu ia ter disposição para escrever um livro positivo e divertido se a minha vontade, na altura, era enfiar-me debaixo dos lençóis e chorar até morrer?

Acabei por perceber que o caminho era aquele! Eu já tinha passado por um divórcio! Eu sabia qual era o caminho! Só tinha de o por mais uma vez em prática. E passá-lo também para o papel.


A Isabel não fazia ideia que eu estava a ressacar uma relação. E também não desconfiou que chegou à minha vida em forma de anjo da guarda! A escrita do livro obrigou-me a apressar o processo de recuperação. Obrigou-me a rever tudo o que eu sabia que tinha de fazer mas não tinha força nem vontade de começar. E assim foi. Os textos começaram a ganhar forma. O processo foi decorrendo.

Em 6 meses revi todo um processo de divórcio, revivi 5 anos de vida. Foi terapêutico, foi catártico.

No dia em que acabei o livro, quis lê-lo para ver como estava. Comecei às 18:00 e acabei às 2:00 da manhã. Fechei o computador, sentada na mesa da casa de jantar e chorei compulsivamente! De alegria, de dor, de emoção, de angústia, de alívio... Estava toda baralhada! Mas senti-me tão bem!

A Isabel foi, nos últimos meses da minha vida, a minha amiga, chefe, conselheira, irmã, mãe, sombra! Acho que falei mais com ela do que com a minha própria mãe ou amigas!

Depois veio a parte divertida! A parte criativa.

Um dia, ainda antes de imaginar que iria escrever um livro, tropecei na menina da saia. Não fazia ideia quem a tinha criado! Mas apaixonei-me à primeira vista por ela!

Assim que começámos a falar na capa do livro, eu sabia que era com a The Red Wolf que queria trabalhar. Foi tão fácil! Andei a ver milhões de ilustradores. Gostei de alguns. Mas nenhum me fez sentir o mesmo que eu sentia quando via as ilustrações da The Red Wolf. ( Um Obrigada à Homy Blog por me ter apresentado esta página!)

Até que falei com o Filipe! Expliquei-lhe que adorava a menina da saia. Que imaginava as pétalas da saia serem as minha palavras a voarem em direcção ao Mundo e às pessoas. Mas queria uma menina mais alegre para o meu livro. E o Filipe mostrou no primeiro telefonema que tinha mesmo de ser com ele. Percebi que estávamos mesmo em sintonia e tive a certeza disso quando mandou o primeiro draft.
(Fiquei ainda mais feliz quando percebi que eram do Porto! Exactamente como eu.)
Tal como com a Isabel, eles também estavam meant to be! Ao longo do percurso, o Filipe também se tornou um amigo e também fui percebendo que o seu talento era proporcional à sua grandeza enquanto pessoa.

Depois o Filipe precisava de uma fotografia para fazer a ilustração. E como este livro estava a ser feito de pessoas boas e de "amigos", também não podia fazer as fotografias com outra pessoa que não fosse o Pau Storch! Que também já era aquele que tinha mesmo de ser ainda antes de eu saber que ia escrever um livro. Só o Pau sabe a dificuldade que tenho diante de uma câmara. E só ele é capaz de me por à vontade! (um bocadinho à vontade, vá...) Só ele é capaz de captar imagens onde não se nota a minha tensão e o meu pânico. E só com ele me sinto à vontade para levar uma garrafa de vinho para a sessão. (E para poder dizer palavrões para aliviar.)





Tenho muita sorte! Este livro está cheio de mãos! E não são umas mãos quaisquer. Todas as pessoas que lhe tocaram, foram aquelas que eu queria, aquelas que não podiam deixar de ser, aquelas que trabalham não só com o talento que têm, mas também com o coração atirado para cima daquilo que fazem. E eu não sei trabalhar de outra forma! Por isso só posso sentir-me uma sortuda! E, como dizia na primeira linha, de vez em quando queixo-me! Mas queixo-me de barriga tão cheia!!!


Estou doida para que ele chegue às vossas mãos! E sei que isso só vai acontecer porque  houve muitas pessoas aqui metidas!




Por isso, quero agradecer imensamente à Isabel (e ao Pedro, à Madalena, à Rita e à Mafalda), ao Filipe, ao Pau (e ao Francisco, à Sara e à Raquel). A todas as pessoas que estiveram na produção e que eu nem as vi.

À minha família, aos meus filhos e às minhas amigas que tanto me aturaram! A vocês que tiveram uma reacção tão boa e o receberam antes sequer de o receber. À vida em geral que às vezes nos pregas partidas, mas logo a seguir nos devolve coisas boas! Tão boas!





Claro que não podia acabar sem vos pedir que vão aos eventos do Facebook dizer se vão ou não estar presentes nos lançamentos. Gostava mesmo muito que pudessem estar!

Para quem estiver pertinho de Cascais, pode ir aqui!

Para quem estiver pertinho do Porto, pode ir aqui!

Obrigada! Obrigada por estarem sempre aí tão pertinho de mim!