16/05/2017

Que dia...

Acordar às 7:00 da manhã e começar logo com mensagens e telefonemas. Voar para a banheira e atirar um "Bom dia! Vamos começar a acordar!" para dentro do quarto deles. 
Sair de casa pouco depois das 8:00 depois de ter feito lancheiras, pequenos-almoços, passeado o cão e ter respondido a dois e-mails urgentes. 

Voar para a escola com mil coisas na cabeça. Tentar responder a dúvidas existenciais dos meus filhos, embora a vontade seja mandá-los calar! É demasiado cedo para suposições sobre a vida. 

Tomar o pequeno-almoço a correr no café. Enquanto tento fazer uma lista mental de tudo o que vai acontecer ao longo do dia. Revejo o dia anterior. Suspiro e acabo a meia-de-leite. 

Vou a voar para a escola. Sei bem o dia que vai ser. Ensaios e preparativos para um espectáculo. Mil problemas na cabeça e situações que têm de ser resolvidas rapidamente. 

A hora do almoço serve para fazer telefonemas, mandar e-mails e mensagens. Rascunhar um post. Ah! E comer. Um café a correr com um calor horroroso. Tenho a roupa colada ao corpo. 

Siga para a segunda parte do dia. De novo ensaios. Cortes, colagens e pinturas. Uns abraços pelo meio e uns ralhetes também. Que quando se trabalha com gente, às vezes é preciso parar e deixar a produtividade para segundo plano. As emoções estão à flor da pele. O cansaço começa a acusar. Uma colega vem agradecer-me um favor. Dá-me um abraço rápido e eu acabo por raptar o abraço dela. Agarro-me com força e pouso a cabeça no seu ombro. Ela achou que estava maluca. Mas estava mesmo a precisar daquilo. Às vezes faz falta um abraço de pessoas maiores que nós. 

A tarde passa a voar. Saio atrasada para os apanhar. 

Deixo-os no Karaté e olho para o relógio. Tenho dois telefonemas importantes para fazer, ir ao supermercado, passar em casa a deixar as compras e apanhar o cão. E-mails para acabar e informações para confirmar. Tenho uma hora! É melhor despachar-me. 

Consigo chegar ao Karaté a tempo de ver os últimos 5 minutos. Eles estão esfomeados e eu preciso parar 5 minutos. Sentamo-nos no passeio. 

Chegamos a casa, mando-os para o banho. Ponho o jantar a fazer e dou uma aspiradela na sala. 
Claro que no meio tenho de dar dois  berros. Seja para desligarem a água ou para pararem de implicar um com o outro. 

Se calhar ainda dá para fazer uma máquina de roupa. Vou a correr buscar a roupa e meto-a na máquina. 

Jantamos. Eles meio zombies... Eu, idem! 

Vou passear o cão e meter as crianças na cama. 

Volto para a cozinha. Arrumo a loiça, lavo o fogão. Percebo que a roupa está lavada. 

Ou estendo agora a roupa, ou só amanhã à noite!... Inspiro fundo e lá vou eu para a última ronda. Tem de ser!

São quase 23:00. Não sinto o corpo. A alma está dorida. Há dias em que é difícil fazer tudo sozinha. Atiro-me para o sofá e não sei bem o que me apetece. Faço uma revista ao meu dia. Acabo por fazer o mesmo à vida. 

De hoje, só guardo a falta de ar e a pressa com que andei o dia inteiro. 

Apetecia-me apanhar um avião para uma praia onde não houvesse telefone, nem barulho, nem pessoas. Só praia! Sol! Comida e silêncio. Mas já sei que amanhã me arrependia e ia querer voltar. 


Nem sempre é fácil, mas felizmente é só às vezes. 

1 comentário:

Clube de Artes disse...

Como eu a compreendo...mas tento pensar que os dias assim não são desperdício. E quando alguma coisa corre mal (como ligarem da escola dos filhos porque um não está bem) dou imenso valor aos dias rotineiros e cansativos. Mas uma mulher trabalha que se farta, isso é verdade!