25/03/2017

Por minha culpa, minha tão grande culpa! Ou então não!

Está um copo em cima da mesa. Vem uma rabanada de vento, levanta a cortina que bate no copo, o copo cai ao chão e parte-se! Eu, solto um palavrão da boca, apanho os cacos e continuo com a minha vidinha. Certo? Certo! A culpa foi do vento certo? Certo! 

O meu filho está na escola, cai a andar de patins porque ia depressa demais ou porque o Antonio foi contra ele e o atirou para o chão. O miúdo magoa-se! De quem é a culpa? Minha! Porque o deixei levar os patins para a escola. Ou simplesmente porque sou mãe dele. Certo? Não! Mas só que sim! 

Se o copo fosse meu filho, possivelmente a culpa teria sido minha por ter deixado a janela aberta ou por ter posto o copo naquele lado da mesa...

Não entendo o sentimento de culpa que sentimos com os nossos filhos. Não entendo se tem a ver com responsabilidade ou com proteção. Ou com algum estado de insanidade que não controlamos. Não entendo porque o sentimos, mesmo em relação a coisas que estão fora do nosso controlo. 

Se a criança tem febre, é porque não a devíamos ter levado à rua naquela tarde. Se a criança vomita, é porque não devíamos ter deixado comer aquilo depois do almoço. 

Se a criança não tem sucesso na escola, é porque não trabalhamos mais com eles. Mas... E temos? E devíamos? Se os nosssos filhos passam tanto tempo na escola quanto nós no trabalho (até passam mais se contarmos com as nossas deslocações), que responsabilidade temos nós sobre o insucesso deles? E quem nos atribui essa culpa? Nós? Os professores? A sociedade? 

Até quando nos vamos culpar de toda a merda que aconteça com os nossos filhos? Quando eles forem responsáveis pelas suas escolhas ou quando morrermos? 
Será que nos vamos culpar de uma má escolha deles com 40 anos? E vamos atribuir a alguma coisa que dissemos ou não dissemos quando eles tinham 9? 

Educar filhos é viver com culpa! E culpa sobre a culpa. Porque a sentimos quando fazemos uma escolha para um lado e sentiríamos na mesma se fizéssemos para o lado oposto. 

Se alguém tiver a resposta ou souber como se faz isto sem a culpa... Partilhe, sim? 

2 comentários:

Vera disse...

Quando o meu filho era muito bebé e eu estava naquela fase cheia de hormonas e sentimentos contraditórios, sem saber por que raio é que ele chorava todos os dias às 7 da tarde, sabem, aquela fase de que ninguem fala? Estava ele a chorar para um lado e eu a chorar para outro, e o meu marido (sapientíssimo marido) disse uma coisa que ainda hoje em dia me vem à cabeça, e me ajuda muito, que foi: Baby, nós estamos a fazer o melhor que podemos.
E é mesmo isso: os pais fazem sempre o melhor que podem, mesmo quando parece que deviam fazer melhor

Joana Sotelino disse...

Tal e qual... não tenho solução, sorry...também sou assim! O primeiro passo é admitirmos, no entanto ahahah! beijinho!