20/03/2017

Do meu pai

Ontem não escrevi sobre o meu pai! Porque achei que tudo o que eu pudesse passar para palavras, ia sempre ficar injustamente aquém daquilo que ele realmente é. 



Não é possível descrevê-lo e quem o conhece sabe disso. É a pessoa mais humana, honesta e perseverante que eu conheço! 
Há tempos pediu-me para eu lhe dizer o que achava que tinha sabido a pouco durante a minha infância para que pudesse emendar agora. Nada!  Realmente o meu pai foi aquele pai que trabalhava que nem um louco e chegava sempre tarde a casa. Viajava constantemente! Faltou a alguns dias de anos. Trocou-nos as datas de anos mil vezes (ainda troca!) e nunca foi homem de colo e beijos. Mas não faz ideia do quanto nos transmitiu sempre que esteve connosco. Porque quando estava, estava! Com as suas histórias, com os seus exemplos e com a forma como nos fez ser grandes, íntegros e humanos. 
O meu pai possivelmente não sabe, mas eu preferia mil vezes que fosse ele a cortar-me as unhas porque magoava muito menos que a minha mãe. Não sabe o quanto eu adorava que me ensinasse a abrir uma garrafa de vinho, a meter gasolina no carro ou a mudar um pneu! Eu não sei se o meu pai sabe o quanto eu gostava das suas ideias loucas e das histórias que contava. Do quanto eu gostava de ir de mota comprar o jornal com ele ao sábado de manhã. E acho que também não sabe de como eu preferia ficar em silêncio ao seu lado para que pudesse ouvir as notícias na televisão, a ir brincar para o meu quarto. Hoje adoro quando ele vai buscar o charuto e o copo de vinho do Porto e se senta ao meu lado durante horas a conversar. 
Nem sei se o meu pai teve noção do quanto eu aprendi das vezes que me obrigou a procurar o dono do telemóvel que encontrei na rua ou o dono dos 3 contos que me apareceram dentro do saco de uma loja. Porque aquilo era o normal para ele. Foi com o meu pai que eu aprendi a meter-me na pele dos outros antes de fazer juízos de valor, foi com o meu pai que eu aprendi a nunca desistir e foi com o meu pai que eu aprendi a subir montanhas para conseguir chegar aos cumes da vida. 
E até na forma como o meu pai trata a minha mãe, nos continua a ensinar o que é o maior exemplo de amor e respeito que é possível alguém ter por outra pessoa. 
Foi com o meu pai que eu aprendi a respeitar os outros, independentemente de quem está à minha frente. Foi com o meu pai que eu aprendi que, até prova em contrário, todos são inocentes. Foi com o meu pai que eu aprendi que até quem não gosta de nós, deve ser respeitado. 

E por isso lhe agradeço! Tudo aquilo que sou. Tudo o que faz por nós. Tudo o que faz pela minha mãe. E até as suas piadas absolutamente secas e por isso hilariantes são parte da sua e da nossa essência e as agradeço também. 

Bom Dia do Pai pai! Hoje porque o teu é sempre! 

Sem comentários: