Hoje fui abordada na rua por uma pessoa que veio pedir para fazer uma festa ao Mr Darcy!
Confessou-me que o sonho dela era ter um Cocker, mas que a mãe lhe tinha dado um Braco Alemão.
- Ah!! Mas são lindos!
- Pois são! Mas tivemos de o dar...
- Como assim?
- Era muito grande para ter em apartamento.
Ok! Vamos recapitular... Era muito grande para ter em apartamento? Até são! São enormes! E energéticos também! Não resisti...
- Desculpe, mas quando o foram buscar, já sabiam que ele ia crescer, não já? Ou achavam que ia ser um bebé para sempre!
- Sim! Sabíamos. Mas a minha mãe queria muito!
Vamos poupar-nos a críticas e juízos de valor. (Que eu sei que a internet às vezes abusa nos comentários agressivos) Queria só reflectir sobre algumas coisas que as pessoas deviam enfiar na cabeça de uma vez por todas!!!
Os cães bebés só são fofos e apetitosos nas fotos e nos primeiros 5 minutos ao colo!
Na realidade os cães bebés são chatos como tudo!
Os cães bebés fazem xixi por todo o lado.
Os cães bebés fazem cocó por todo o lado.
Os cães bebés roem tudo aquilo que não for os seus brinquedos. Menos os seus brinquedos.
Os cães bebés choram de noite.
Os cães bebés mordem e arranham as nossas pernas. E as nossas mãos. E os nossos calcanhares. E os nossos braços.
Os cães bebés adoram atacadores de sapatos.
Os cães bebés metem-se no nosso caminho quando tentamos andar.
Os cães bebés gostam de explorar o caixote do lixo. E de espalhar os restos de comida e cascas de fruta e embalagens vazias pela cozinha fora.
Os cães bebés atacam qualquer tipo de comida que fique esquecida e não seja suposto eles atacarem.
Os cães bebés CRESCEM!
Os cães crescidos duram muitos anos!
Comem!
Precisam de vacinas.
Podem ocasionalmente ter problemas de saúde.
Dão despesas.
Os cães bebés não só crescem, como também envelhecem. Ficam debilitados e precisam de nós.
Alguns crescem só até ao nosso tornozelo, ou até ao nosso joelho, outros crescem até à cintura. E tirando os cães rafeiros que apenas podemos ter uma ideia de como vão ficar através do tamanho das patas, os cães de raça têm características físicas e emocionais que são conhecidas à priori.
Portanto, na realidade, os cães bebés são uma verdadeira dor de cabeça. Mas também é verdade que depois de crescerem e de passar esta fase mais trabalhosa, são os melhores amigos e companheiros que podemos arranjar. Mas não são para qualquer cretino! São para quem saiba onde se vai meter. São para quem seja capaz de lidar com os primeiros meses e perceber que vai ter muito trabalho.
Por isso, quando quiserem um urso de peluche bebé, deviam arranjar um de brincar. Ou então, ter em consideração todos os outros aspectos que referi em cima!
Se vivemos numa casa pequena, a culpa do nosso São Bernardo partir mil coisas quando tenta passar entre a mesa de café e o sofá, não é dele! É dos donos que deviam ter escolhido um Yorkshire Terrier ou um Poodle Anão.
Se o Jack Russel é muito nervoso e passa a vida a correr de um lado para o outro entre a cozinha e a sala, a culpa não é do cão. É do dono que devia ter escolhido um Labrador.
Se o Boxer come 15kgs de ração por mês, a culpa não é do cão! É do dono que devia ter escolhido um Pincher.
Quando se escolhe um cão, não se pode escolher o mais bonito ou o que aparece mais vezes no Instagram. Tem de se escolher aquele que melhor se adequa ao nosso estilo de vida e à nossa casa.
Escolher um cão porque é bonito é só uma cretinice!
Escolher um cão porque todos os amigos têm cão, é só uma cretinice!
Escolher um cão só porque a menina pede muito um cão, é só uma cretinice!
Quando fiquei com o Mr Darcy, só anunciei no dia em que o fui buscar.
Ninguém sabe quanto tempo antes ponderei esta decisão. Ninguém sabe durante quanto tempo estive a mentalizar-me que tudo iria mudar. Que ia ter de limpar xixis nos primeiros tempos, que provavelmente ia ficar sem um ou dois pares de sapatos inadvertidamente esquecidos pelo chão, que dormir até ao meio-dia (quando as crianças estivessem no pai) ia acabar. PARA SEMPRE!
Já tive muitos cães. Aliás, não sei o que é viver sem cães em casa. Só nos últimos 8 anos (já casada portanto) é que deixaram de existir na minha vida. Mentira, nos meus pais continuou sempre a haver cães.
Por isso, apesar de ter sido chamada de louca (e insultada) por me meter neste filme, foi uma "loucura" ponderada. Eu não quis um bebé peludinho para fazer cutxi-cutxi! Eu quis um companheiro. Quis um cão que pudesse ir comigo para todo o lado. Quis um amigo para os meus filhos. Sobretudo quis que os meus filhos tivessem a sorte que eu tive! Crescer perto de amigo como este!
Porquê um Cocker em vez de um Labador (são muito melhor com crianças) pergunta meio mundo! Primeiro porque este Cocker surgiu na minha vida. Foi uma sorte do destino. Depois porque eu queria um cão que pudesse levar para todo o lado, enfiar no carro e ir comigo onde eu fosse, um cão que não me levasse o ordenado em ração e um cão que não fosse maior que os meus filhos.
Na realidade eu devia era ter adoptado! E seria isso que iria fazer. Se calhar não tão cedo. Mas foi uma oportunidade que me bateu à porta. E eu achei que era um desígnio lá de cima. E assim foi.
Não sejam cretinos!
Se querem um peluche, arranjem um que não cresça, que não coma e que não fique grande demais para um apartamento!