01/08/2016

Recordações (minhas) dos anos 80!

Ontem vi o fim do último episódio do Duarte e Companhia na RTP Memória. 
Estava a meio de um zapping e fiquei ali colada ao ecrã. Numa viagem no tempo! 



De repente vi-me quanto tinha 6 ou 7 anos e estava à frente de uma televisão que nem comando tinha, a ver aquela série completamente apavorada mas sem conseguir tirar os olhos. Era a atracção do abismo! Provavelmente não ia conseguir dormir a seguir, mas não conseguia deixar de ver. 

Fiquei por momentos presa àquelas memórias. A lembrar-me do que eram os anos 80. Do que era viver no Porto nos anos 80. 

Os miúdos hoje em dia vivem dentro da informação. Numa velocidade vertiginosa de informação através da televisão, da Internet. Alguma coisa que se passe do outro lado do Mundo, sabe-se em minutos do lado de cá. Entre Lisboa e Porto é uma questão de segundos! E 3 horas de caminho pela auto-estrada. 

Naquele tempo não era assim! Quando o meu pai dizia que íamos passar um fim‑de‑semana a Lisboa, revirávamos os olhos a bufar! Não era Lisboa que nos desmotivava, eram as 6 horas intermináveis que íamos passar dentro do carro! Sem ar condicionado, tablets ou música porque as rádios não funcionavam sempre ao longo do caminho. 

O Porto era na altura muito pequenino! A nossa vida não passava muito da Foz. Ir à baixa já era uma viagem. Lisboa parecia-me naquela época, pelo menos a mim que era uma criança, uma cidade longínqua, futurista e cosmopolita com um reboliço um bocado exagerado. Eu vinha quase da aldeia de tão pequeno que o Porto era. 



Na verdade, para mim, Lisboa era o Duarte e Companhia, as Palavras Cruzadas e a Passerelle (a novela, não a casa de dançarinas exóticas!) por isso, para mim, não passava muito de criminosos de pistolas em punho, gordinhos dentro de 2cv encarnados, pessoas super bem (com uma pronúncia estranha [tipo Manuela Marle]) que viviam nas Amoreiras e casais que se traíam e divorciavam. (Não havia divórcios no Porto! Ainda hoje tenho ideia de haver muito menos e não sei porquê eu achava que era uma coisa normal em Lisboa [na volta devia ter-me casado com um gajo do Porto!])



É impressionante como os tempos mudaram! E felizmente a minha percepção das coisas também! 
O Porto é gigantesco hoje em dia. E até me sinto uma outsider quando lá vou. Lisboa não é tão perigosa como eu imaginava. (Ufa! Afinal o Átila e o Rocha não estão escondidos em cada esquina) É uma cidade linda que tem muito mais, tão mais do que as Amoreiras! E até se vê famílias felizes! (Imagina!)

A viagem é hoje em dia muito mais fácil e  a globalização de informação permitiu que as pessoas ficassem muito mais próximas! Tenho a certeza que as crianças deste século já vieram muito mais vezes a Lisboa do que eu vinha na altura e a era moderna em que vivemos aproxima muito mais as pessoas. As culturas. Os hábitos. E, para bem de todos, a percepção que se tem das coisas.  

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