19/10/2008

"Se fosse meu filho..."

Quem é que nunca disse: "Se fosse meu filho..."?

Cada vez que eu usava esta expressão, vinha a minha mãe por trás dizer "Não cuspas para o ar que te cai na testa!"

Acho que ela está sentada no sofá com a tigela das pipocas na mão à espera de me ver de testa molhada para se poder rir de mim!

O que é certo é que as crianças não vêem com livro de instruções e, nem a minha experiência com crianças, nem a minha licenciatura de Educadora me habilitam com o conhecimento supremo e as certezas absolutas sobre a educação da minha filha.

Quando era Educadora, os pais vinham muitas vezes colocar-me dúvidas sobre a educação em casa como se eu possuísse a resposta para todos os problemas. Mas eu dava o meu melhor e respondia muito confiante com todos os conhecimentos adquiridos nas aulas de pedagogia e psicologia infantil. "Carolina, ajude-me! Não sei o que fazer." e eu respondia: "Ó mãe, o que custa mais é a primeira vez. Depois de cedermos a primeira vez, eles descobriram-nos as fraquezas e sabem que vão conseguir sempre o que querem de nós."

Se a Prof. Rosa Garcia ou a Prof Mª João Gomes Pedro me tivessem ouvido a dar conselhos às mães, tinham ficado orgulhosas de mim!

Mas se viessem cá a casa ver-me a educar a minha filha iam torcer o nariz.



Na primeira semana em casa, a Luisinha sentia-se perdida no berço e meti-a na nossa cama a dormir. (protegida com almofadas para o pai não se deitar em cima dela)

Pimba! Primeira cuspidela na testa! Na noite seguinte já não achou piada ao berço e só ficou feliz quando a pus no quentinho na nossa cama. Lá me veio à cabeça a teoria da Primeira Vez. Pensei, Pronto! Estou feita! agora vai dormir na nossa cama até aos 18 anos e o meu casamento vai acabar porque eu me lembrei de aconchegar a bebé no meio de nós numa bela madrugada às 4h da manhã.



Depois de ter assistido ao controlo que o meu irmão fez na família toda com apenas alguns meses, jurei que nunca ia fazer isso a um filho meu. Ele conseguiu que, todos os dias, um de nós (pais ou irmãos) ficássemos ao lado dele a passar suavemente o dedo entre a testa e o nariz para ele adormecer. Quando achávamos que ele finalmente adormecia, deixava-nos tirar o dedo, levantar, andar até à porta do quarto e: SIRENE!!!! Lá voltávamos nós para o lado dele para continuar a fazer festinhas no nariz. Nós acabávamos por adormecer antes dele.



A Luísa só agora gosta da chupeta, e já adormece com ela. Mas quando ela cai, acorda logo e temos de lá ir colocar a chupeta na boca. Do que é que eu me lembrei de fazer para ela adormecer mais depressa? FESTINHAS NO NARIZ!

E Pimba outra vez! Outra cuspidela na testa!

Pronto! Além dela dormir na nossa cama até aos 18 anos, ainda vou ter de lhe fazer festas no nariz até aos 15 para ela adormecer. (pensei eu!)



Agora que sou mãe descobri um novo ponto de vista. Quantas crianças há no mundo que não sabem o que é um beijinho de boa noite? Que nunca foram sequer colocadas na cama para dormir? Se a Luísa veio ao mundo com esse privilégio, tem é de aproveitar. Mimos nunca são demais. (Diz também a minha mãe) E depois dela passar 9 meses agarrada à mãe 24h por dia, é natural que tenha de fazer o "desmame" e queira muitos muitos miminhos.



O que é certo é que só dormiu na nossa cama uma semana e (embora ainda não ande na faculdade) já está tão crescida que também já adormece sozinha na cama. Se precisar de um miminho para ajudar, estamos cá nós para isso!



Lembrei-me também de outra teoria da Prof. Mª João Gomes Pedro: Por muitos livros que uma Educadora tenha lido, UMA MÃE TEM SEMPRE RAZÃO!

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1 comentário:

Cortes disse...

E eu com a minha pouca experiência de mãe (ainda não fez 2 anos) digo-te que todos os miminhos que dei à minha filha foram poucos, só tenho pena daqueles que não dei!:) E mais importante que isso é que não me arrependo de nada! E ainda hoje a Carmo dorme na nossa cama de vez em quando e de vez em quando, também, fico deitada ao lado dela a adormece-la! E nós como mães é que sabems e temos que acreditar no nosso instinto e no nosso bom senso!
Não penses tanto nas coisas, aproveita mas é a tua filha enquanto é minúscula, eu já morro de saudades da altura em que a Carminho tinha esse tamanho e nunca me preocupei se ela adormecia szinha ou não. NEm sei quantas vezes ela dormiu horas a fio em cima do meu peito. ;)